sábado, 5 de maio de 2007

Estranho, muito estranho

Sarney está em Macapá.
Hão de perguntar: E daí? O que é que tem de estranho nisso?
Tudo.
Sarney vem raramente ao Amapá. Só vem quando há um grande acontecimento, uma grande inauguração. E não houve nada disso ontem, nem tem nada marcado para este sábado.
Daí se estranhar essa visita, aparentemente sem motivo, ao Amapá.
Mais estranho ainda: um juiz federal e um delegado da Polícia Federal estiveram no começo da noite na casa de Sarney. Os dois não fazem parte do rol de amigos, correligionários ou puxa-saco do senador e, pelo que sei, esta foi a primeira vez que estiveram na casa de Sarney.
Coincidência: está em Macapá o procurador-geral da República, Antonio Fernando. Uns dizem que ele veio pra tratar de assuntos internos do Ministério Público Federal, outros juram que veio para tratar de assuntos relacionados ao roubo de verbas federais que deveriam ser usadas na compra de remédios. Por conta desse roubo, gente indicada pelo PMDB para cargos na administração estadual foi presa pela Polícia Federal em março, na Operação Antídoto, entre eles dois ex-secretários de Saúde. E deputados federais são citados em vários depoimentos como participantes do esquema que surrupiou cerca de R$ 40 milhões da saúde pública. Até o governador Waldez Góes - que fez campanha casadinha com Sarney - é citado em depoimento como tendo sido favorecido pelo esquema com verbas para a campanha.
Outra coincidência: na quinta-feira técnicos da Controladoria Geral da União (CGU) participaram de uma longa reunião com delegados da Polícia Federal em Macapá e especula-se que uma grande bomba está prestes a estourar.
Portanto, como dizia um velho jornalista, há alguma coisa no ar que não é avião de carreira.