quarta-feira, 30 de abril de 2008

Pra "estudar" no feriado

DICIONÁRIO
O amapaense tem um jeitinho especial de falar, algumas palavras e expressões podem não ser entendidas por quem nunca andou por essas bandas.
Por isso este blog publica hoje um mini-dicionário de palavras, expressões e gírias amapaenses.
Afudega - afoba, apressa.
Ex:Nem te afudega que o show vai começar com atraso.
Amassa - aperta, tecla
Ex: Amassa nesse botão pra ligar o som.
Arreda aí - Afasta; dá licença

Ex: Arreda aí que que quero passar; Arreda esse sofá .
Bazuca - goma de mascar, chiclete

Ex: Me dá o troco em bazuca
Bora lá - Vamos ali.

Ex: Bora ali no shopping
Carapanã - mosquito

Ex: É nos meses de maio e junho que os carapanãs da dengue fazem a festa em Macapá.
Cabuçu - caipira, matuto

Ex: Aquele candidato é muito cabuçu. Vai levar peia na eleição.
Bombom - bala

Ex: Agora até nos ônibus nos passam o troco com bombons
Cruzeta - cabide

Ex: Maria, coloca essa camisa na cruzeta
Embrulhar - cobrir com lençol.

Ex: Embrulha essa criança que está fazendo frio.
Engilhado - enrugado

Ex: Credo! Esse papel tá todo engilhado
Eras! - Eu, hein!
Escangalhar - quebrar, estragar.

Ex: O meu carro escangalhou.
Filho de pipira - pessoa que vive pedindo.

Ex: Esse menino pede mais que filho de pipira.
Gala seca - idiota, imbecil, otário
Gito, gitinho - pequeno

Ex: Esse sanduíche tá muito gitinho
Lá embaixo - no centro comercial
Ex: Sábado eu vou lá embaixo fazer compras.
Mato - interior.

Ex: Vamos passar o feriadão no mato.
Menta - qualquer balinha que provoca ardor ou frescor, tipo halls
Merendar - lanchar

Ex: Eu merendei um pastel com refrigerante
Osga - lagartixa
Pão careca - pão francês
Papagaio - pipa. Empinar papagaio: soltar pipa.

Ex: Agora só dá pra empinar papagaio na praça. Na rua tá perigoso
Rapidola - rápido, sem demora.

Ex: Eu leio esse livro rapidola.
Torar - cortar ou quebrar.

Ex: Tora esse pão no meio pra nós

Égua, já leu e aprendeu tudo? Calma, eu não estou te xingando. "Égua" é uma das palavras mais usadas no Pará e no Amapá. É tão famosa que no Orkut foi criada a comunidade "Eu falo égua".
Serve para exprimir uma variedade de sentimentos, como explica o professor e jornalista Ivan Carlo: "Égua - essa é, depois de deveras, a única palavra brasileira que pode ser usada em qualquer situação. Você pode usar égua para expressar dor, tristeza, alegria, admiração, espanto e até mesmo enfado. Se, por exemplo, passar pela sua frente uma morena jeitosa, você pode exclamar deliciado: "Égua!". E não se preocupe que ela não vai achar que você está chamando-a de eqüina. Se, por outro lado, descer um disco voador no seu quintal, não pense duas vezes. Grite: "Égua!".
Achou tudo isso pai d'égua (legal, bacana)? Então qualquer dia tem mais.

Uma grande ameaça à saúde pública

No dia 4 deste mês chamei a atenção, aqui no blog, da Prefeitura de Macapá para este terreno localizado na rua Hamilton Silva esquina com a Almirante Barroso.
Ontem passei por lá. Constatei que o terreno está mais imundo do que antes e que ainda permanece lá a carcaça de um carro usado na Copa de 2006. Desde o final daquela Copa a carcaça serve de maternidade para mosquito da dengue.
Qualquer hora dessas é bem capaz da gente ver esse carro voando por aí carregado por um exército de mosquitos.

Editorial do jornal Diário do Amapá

Simples questão de higiene
http://www.diariodoamapa.com.br/

A dengue, que causou muito susto entre nós e ainda está protagonizando verdadeira catástrofe no Rio de Janeiro, precisa ser tratada com seriedade, principalmente quando ainda nos deparamos com situações absurdas, como falta de cuidado com o lixo e mesmo com a falta de educação e higiene de muitos que não se mancam e atiram lixo em qualquer lugar – menos no quintal de casa.
Não podemos cometer injustiças: a Prefeitura está fazendo a sua parte, quanto ao recolhimento do lixo, mas em todos os lugares temos o desprazer de comprovar que grande parte do povaréu não está fazendo a sua parte: o lixo não é acondicionado em recipientes apropriados e tampouco colocados nas lixeiras, com os sujismundos agindo sem qualquer pudor, alheios aos riscos que essa falta de higiene causa à população.
Vários blogs da internet, em todo o país, deflagraram uma verdadeira guerra ao mosquito da dengue. Em Macapá, quem se destacou foi o da jornalista Alcinéa Cavalcante, com postagens diárias de fotos mostrando a sujeira que pessoas do povo e comerciantes impunham à sociedade. Tinha de tudo misturado ao lixo: açougues, mercantis e farmácias. Deu certo, porque a Vigilância Sanitária correu atrás do prejuízo e acabou com o filme de terror. Passado o susto, entretanto, a blogueira não voltou mais ao assunto, como também o fantasma da dengue parece que foi assustar outra freguesia. E isso não é bom, porque essa doença maldita não dá trégua e, quando menos se espera, ela dá o ar da graça, ou melhor, do choro.
Previsões nada otimistas do ministro Temporão, da Saúde, deveriam ter o condão de deixar toda a região Norte em estado de alerta: em 2009 pode se repetir entre nós o que atualmente está acontecendo no Rio de Janeiro e com conseqüências ainda mais desastrosas. Seria muito bom todos nós fazermos, em nome da saúde pública de todos os amapaenses, o que Alcinéa Cavalcante fez agora contra a dengue, e o que já fizemos, com muita competência fiscalizando preços e qualidade dos produtos na época em que o senador José Sarney era Presidente da República: vamos ser fiscais, denunciando à Vigilância Sanitária, as sujeiras e os sujismundos do dia-a-dia. Mais do que bom, é necessário, porque higiene e boa educação soam como cautela e caldo de gali-nha não faz mal a ninguém.

------------------
(Obrigada ao Diário do Amapá por reconhecer o trabalho deste humilde blog. A campanha não pode parar, pois a explosão da dengue no Amapá geralmente se dá nos meses de maio e junho.
Vale ressaltar que o Diário do Amapá tem papel fundamental no combate à dengue, por ser um jornal de grande credibilidade e lido em todas as camadas da sociedade amapaense. Além disso pauta outros veículos.
Esse editorial foi publicado na edição de ontem, terça-feira)

Festa pra Hanne


Amiga Hanne Capiberibe, vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas do Amapá, aniversariou ontem e ganhou bonita festa da galera da imprensa e do carnaval.
A turma "invadiu" a casa de Hanne com quitutes, bebidas e presentes e fez o maior barulho.
E ela que pensava que ia ficar quietinha no seu niver não teve como escapar.
Parabéns, Hanne!
Saúde, paz, amor e boas notícias sempre!

terça-feira, 29 de abril de 2008

Macuricando...

Dia 8 eu escrevi aqui:
"Empresário de sucesso, Jaime Nunes não acerta uma – e é enganado facilmente – quando o assunto é eleição.
Em 2004 jurava que ia ser o candidato do PMDB a prefeito, não deu. Tentou a vaga de vice, acendendo vela para o PDT, PTB, PMDB, PT e alguns nanicos, não conseguiu. Mas recebeu a promessa de ser o candidato a vice-governador, na chapa de Waldez Góes, em 2006. A promessa não foi cumprida.
Prometeram-lhe então a presidência da Liga das Escolas de Samba. Lá ele chegou a concorrer, mas perdeu. Foi consolado com a promessa de ser presidente da Federação Amapaense de Futebol, mas foi jogado pra escanteio.
Vamos ver o que acontece este ano."

Aconteceu
Pois é, Jaime dançou mais uma vez.
Está decidido: Fátima Pelaes será a candidata do PMDB à Prefeitura de Macapá. E ela manda avisar que o anúncio oficial será feito semana que vem.
O que será que vão prometer agora pro Jaime?

Só pra lembrar
Boa de voto para o Legislativo – ela já foi eleita para quatro mandatos de deputada federal – Fátima Pelaes foi candidata a prefeita em 1996, com total apoio de José Sarney. Ficou em último lugar.

Mosquito pega dengue
O ator que faz o papel do mosquito no teatrinho da campanha de combate à dengue, promovida pela Prefeitura de Macapá, está com dengue.
E olha só o que ele ouviu de uma autoridade:
- Foi bom mesmo você pegar dengue pra saber direitinho como é.
Cruzes!

Paparicado
Pré-candidato a prefeito de Macapá, João Trajano foi mais paparicado que festeiro de Marabaixo no dia do seu aniversário.
Uma penca de políticos foi cantar parabéns pra ele.

Estiveram na festa de João os pré-candidatos a prefeito Camilo Capiberibe (PSB), Moisés Souza (PSC), Dalva Figueiredo (PT) e outros menos expressivos.

João pra lá, João pra cá
Vazou que o encontro realizado recentemente entre João Capiberibe (PSB), João Henrique (PT) e João Trajano (PR), em Brasília, foi para decidir a formação de uma dobradinha pra apoiar a candidatura de Trajano. PSB e PT não lançariam candidatos a prefeito, mas em troca Trajano, se eleito, terá que apoiar João Capiberibe para o governo e João Henrique para o Senado em 2010.
Só esqueceram de combinar a dobradinha com a deputada federal Dalva Figueiredo, a manda-chuva do PT no Amapá.

É ela
E o PT já decidiu: Dalva Figueiredo será a candidata do partido a Prefeitura de Macapá.

Vigiando o bule
Fanchião de votos em 2006, o deputado Roberto Góes, pré-candidato do PDT a prefeito de Macapá, desde ontem está com um olho no governador Waldez Góes (PDT) e outro no bule da Dalva Figueiredo.
Ele sabe que se o primo Waldez tomar o café do bule da Dalvinha sua candidatura pode chinar com toda a linha.

Sem alarde
Longe dos holofotes da mídia o ex-deputado Lucas Barreto, pré-candidato do PTB a prefeitura de Macapá, vai conquistando apoio em todos os setores e também na militância de outros partidos.
Parte da militância do PDT está fechada com ele.
Quem duvidar é só ficar “abicorando” a casa do ex-deputado de manhãzinha e à tardinha pra ver a quantidade de militantes do PDT que entram lá.

Estranho
Sei não. Mas me pareceu que o prefeito João Henrique (PT) não estava muito à vontade ontem na solenidade de assinatura do acordo de cooperação técnica entre o Ministério da Cultura e o governo do Amapá.
Sentado entre a deputada Fátima Pelaes (PMDB) e o governador em exercício Pedro Paulo (PP), João Henrique até bocejou várias vezes.

Este carro cedido pelo Ministério da Saúde à Secretaria de Saúde para o combate à dengue está parado há meses na frente de uma casa no Bairro Santa Rita (Rua Santos Dumont esquina com a Duque de Caxias). Diz a vizinhança que a carroceria virou piscina de mosquito da dengue

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Gilberto Gil em Macapá

Gilberto Gil discursa na Fortaleza de São José de Macapá

E o ministro Gilberto Gil veio. Conheceu o Curiaú, concedeu entrevista na sede do Conselho das Associações de Afrodescendentes e assinou um acordo de cooperação técnica com o governo do Amapá, na Fortaleza de São José de Macapá.

Gil deve ter pago grande parte de seus pecados por aqui. Foi levado para a sede do Conselho de Afrodescedentes para dar entrevista coletiva num espaço minúsculo, super desconfortável e quente e sem mesas e cadeiras.

Mais tarde, na Fortaleza, foi obrigado a ouvir discursos quilométricos das autoridades locais. O governador em exercício Pedro Paulo Dias, por exemplo, fez um discurso enorme e monótono, relacionando todos os ministros que já botaram os pés nesta terra e convênios e acordos assinados com o governo federal.

Representantes da maioria dos segmentos culturais reclamaram porque a agenda do ministro foi voltada apenas para os afrodescendentes: visita ao Curiaú e sede do Conselho e apresentação de Marabaixo na Fortaleza. "Gilberto Gil não é apenas ministro dos afrodescendentes. Ele é ministro da cultura. Nessa visita dele ao Amapá foram esquecidos todos os outros segmentos como a música, a literatura, dança, artes visuais e teatro", reclamou um artista plástico.

Cultura? Pra que?

Quando eu digo que quando o assunto é cultura aqui no Amapá as autoridades viram a cara tem gente que acha que estou exagerando.
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, chega hoje à tarde em Macapá. A visita dele parece não ter importância nenhuma. Ninguém sabe de nada, ninguém informa nada.
O sítio do governo do Amapá não dá uma linha sobre o assunto, a secretaria de Comunicação do Estado não sabe o que o ministro vem fazer aqui, não tem sua agenda e não informa nada.
Na secretaria de estado da Cultura, que muita gente nem sabe que existe e funciona num espaço minúsculo nas dependências do Sambódromo, a única coisa que os funcionários sabiam informar hoje pela manhã é que o ministro vem e que visita a Fortaleza de São José de Macapá. Mais nada.
No Conselho de Cultura também ninguém sabe de nada.
Informação mesmo só no sítio do Ministério da Cultura e olhe lá.

domingo, 27 de abril de 2008

Domingo do Mastro

Desde às 10 horas da manhã está rolando muito marabaixo nas casas das festeiras Tia Biló (Laguinho) e Dica Congó (Favela).

Apesar do marabaixo ser a maior manifestação cultural do povo do Amapá e estar sendo realizado este ano nas casas das duas mais tradicionais festeiras, nenhum autoridade até agora deu o ar de sua graça, nem mesmo o pessoal das secretarias estadual e municipal de cultura.
Apesar da falta de apoio, o marabaixo resiste.
Trazido pelos escravos africanos, o canto é um lamento. A dança lembra o andar dos negros com os pés acorrentados.
Para ganrantir aos brincantes energia suficiente para dançar até o amanhecer são servidos durante todo o dia e noite tigelas de caldo de carne bovina com muita verdura e legumes e a tradicional gengibirra - bebida feita com cachaça, gengibre e açucar.
O ciclo do marabaixo encerra dia 11 na Favela e dia 26 no Laguinho.

A festeira Dica Congó, da Favela, dançando

E tia Biló, do Laguinho, tirando um ladrão (cantando)

Saia florida, blusa branca, toalha no ombro para enxugar o suor. A dança de passos arrastados, como se os pés estivessem acorrentados.

Marabaixo da Favela


Marabaixo do Laguinho

O Domingo do Mastro não entrou na pauta dos jornais nem das emissoras de rádio e televisão.

Mas os blogueiros, que valorizam a cultura amapaense, fizeram a cobertura.
Alcilene Cavalcante Dias, do Repiquete (alcilene.zip.net)Chico Terra, do chicoterra.blogspot.com

Hoje tem Marabaixo

"Aonde tu vai rapaz
neste caminho sozinho?
Vou fazer minha morada
lá nos campos do Laguinho"
(Versos do Marabaixo. Os versos são chamados de ladrões)
Com muita gengibirra, caldo, saia rodada e a magia dos ladrões e das caixas, hoje tem Marabaixo na casa da tia Biló, no Laguinho, e na casa de Dica Congó, na Favela. É o Domingo do Mastro, que começa às 10h da manhã e só termina na madrugada de segunda-feira.
Eu vou.
"Ah, tia Biló,
me ensina a prender
um raio de sol
num laço de fita.
É que hoje
eu preciso fazer o meu dia maior.
Maior que a tua grandeza
maior que o rio Amazonas.
A verdade, tia Biló,
é que eu não quero
que a noite chegue.
A noite me traz ausências"
(Alcinéa Cavalcante)

Gilberto Gil estará amanhã em Macapá

De acordo com a assessoria do Ministério da Cultura, Gil vem conhecer a comunidade de remanescentes do Quilombo do Curiaú (AP) e a sede do Conselho das Comunidades Afro-descendentes do Amapá, onde se reunirá com lideranças quilombolas. Logo depois participa de lançamento do Projeto Jornadas Culturais, patrocinado pelo Ministério da Cultura em parceria com o governo estadual, que promoverá cerca de 40 ações culturais em diversos municípios amapaenses nas áreas de música, teatro, poesia, cultura popular, artes plásticas e visuais.
O ministro da Cultura encerra sua pauta em Macapá com a assinatura do Programa Mais Cultura com o governo estadual.

No sítio do governo do Amapá não há uma informação sequer sobre a visita do ministro.

Tim-tim!

Meu amigo João Trajano - essa pessoa risonha, simpática e com um coração desse tamanhão - aniversaria hoje.
Mas a festa está rolando desde sexta-feira.
Secretário municipal de Obras, Trajano foi alvo de significativas homenagens sexta-feira numa festa surpresa organizada por funcionários da Prefeitura de Macapá e que contou com a participação do prefeito, desembargadores e um montão de amigos.
Gente querida é isso aí.
Feliz aniversário, amigo.

Colunistas do blog

Terra à vista
Manoel Bispo

Esperei o foguetório e não veio, missa em ação de graça e nada. Pensei num mega show, com artistas amazônicos, também não pintou. Mas era dia dele, ou dela, depende da referência escolhida. Masculino se a chamo de Planeta; feminina se a chamarmos de Terra. Digamos em poucas palavras: é mais um dos seus, talvez, mi-ou-bilhões de anos, e olha que bem poderia ser anos-luz. Estou falando do Planeta Azul, Planeta dos Dinos, dos Macacos, dos Homens, hoje planeta dos automóveis, das megalópoles, das guerras virtuais, dos etcéteras. Perdemos a conta de quantos aniversários de milênios dessa esfera mágica, flutuante, obra de engenharia surrealista de um criador de superlativa competência.
Como esperei reverências e elas não sonorizaram os espaços pacíficos do meu entorno, eu, mesmo atrasado para a festa que não houve, aqui à sombra de um cutiteiro, respirando os ventos do grande rio, cravo minha bic no papel. Derramo minha opinião, meu voto vencido de que o aniversário – dia do Planeta Terra, 22 de abril de todos os tempos, fosse dignamente festejado em todos os continentes, países, estações ecológicas, estações orbitais, cidades, vilas, favelas, aldeias, becos e botequins. Onde um ser vivo, animal, vegetal, fóssil, microrganismo, existir que se reverencie este lugar, esta morada, esta particularidade da criação.
Motivos não faltam pois, como é sabido, o chão sob os nossos pés é dito e tido como o terceiro planeta do Sistema Solar, pela ordem de afastamento do sol, outra maravilha, nosso mais pródigo parceiro.
Não vou enumerar os efeitos terapêuticos do simples fato de sermos terráqueos, a mídia contemporânea cuida desse mote.
Não é por acaso que no Planeta do qual leigamente vos falo vive um povão, no rico sentido de todos os seres existentes, que faz amor e também cada guerra, que sai da frente dos mísseis sateleguiados!
Aqui vive um povo que ainda não sabe de onde veio, para quê veio, nem para onde vai. Mas, trabalha e estuda em tempo integral para chegar às grandes descobertas.
Enquanto os ponteiros giram os boeings cruzam os oceanos, as torcidas (des)organizadas se dividem na porrada, jardins florescem, o grande livro do conhecimento avoluma-se, e “a gente vai levando” como já dizia o Chico, o das Mulheres de Atenas.
A cada dia reinventamos as coisas, aperfeiçoamos a magia de ser, retificamos conceitos, acordamos mais verdadeiros, mais perfeccionistas e mais necessitados de justiça.
Faço lembrar que a Terra é nossa mãe natural e que foram necessárias sabe-se lá, quanta poética, quanta tecnologia, quanta ciência e quanta esperança até que um irmão nosso, um aventureiro da galáxia, um bandeirante da era cibernética pudesse dizer lá do alto “a terra é azul”.
(O poeta, escritor e artista plástico Manoel Bispo escreve todos os domingos neste blog)

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Brazil by Night

Parque do Forte (Macapá) visto pelas lentes do amapaense Chico Terra
Esta foto está no livro Brazil by Nigth, que será lançado dia 17 de junho na Livraria Cultura, em São Paulo.
O livro revela vários aspectos da noite nas cidades brasileiras, através de 200 imagens feitas por 69 fotógrafos, entre os quais grandes nomes como Araquém Alcântara, Guy Veloso e Walter Firmino. E o amapaense Chico Terra está lá orgulhando o povo tucuju.
Parabéns, Chico!

Guiana: brasileira desaparece nas águas

O repórter Humberto Baía, lá de Oiapoque - na fronteira com a Guiana Francesa - deixa comentário aqui no blog informando que uma brasileira que fazia parte de um grupo de garimpeiros que estavam clandestinamente na Guiana, ao avistar a polícia francesa se jogou da catraia (pequena embarcação) e desapareceu nas águas. Seu corpo ainda não foi encontrado.
O fato aconteceu no último sábado e é notícia nos sites franceses, como o lejdd.fr que o relatou assim:
Guyane: Une orpailleuse portée disparue
Une femme d'une trentaine d'années, sans doute une Brésilienne en situation irrégulière, est portée disparue en Guyane française après avoir sauté dans l'eau à l'approche d'une embarcation de la gendarmerie qui s'apprêtait à contrôler une pirogue où se trouvaient une trentaine d'immigrés clandestins. L'incident s'est produit samedi dernier, a rapporté la gendarmerie de Guyane, à proximité des sites d'orpaillage clandestin de Tamanoir. "Une dizaine de clandestins se sont jetés à l'eau à la vue d'une pirogue de la gendarmerie", a expliqué le capitaine Stéphane Privat, porte-parole de la gendarmerie. "Une femme d'une trentaine d'années a crié, faisant des gestes, avant de couler", a-t-il poursuivi. Des recherches effectuées depuis n'ont rien donné.


Recebi uma informação - que ainda carece de confirmação - de que os brasileiros estavam sendo deportados da Guiana para o Brasil quando a mulher caiu da embarcação. Apesar dos pedidos de socorro, a polícia francesa se negou a prestar ajuda e impediu que os brasileiros o fizessem.
E eu não duvido nadinha disso, afinal o presidente Sarkozy declarou guerra aos garimpeiros que vivem ilegalmente na Guiana e a maioria deles é composta por amapaenses e maranhenses.

O lançamento de Retalhos de uma Vida

Professores, escritores, poetas, pioneiros do magistério no Amapá, ex-alunos e um montão de amigos compareceram ao lançamento do livro Retalhos de uma Vida, de Risalva Freitas do Amaral, que aos 88 anos continua bela, meiga, alegre e carinhosa com todos.
Eu estive lá, claro, e cliquei alguns momentos.

Com a grande amiga e professora Lúcia Rocha: emoção

Fui levar meu abraço e meu carinho a minha maravilhosa mestra e grande amiga de minha mãe

Com a ex-aluna Nazilda Reis

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Boa tarde!

"Onde não há poesia a vida pesa como chumbo"
(Manoel Bispo)

O novo livro de Risalva Amaral

Aos 88 anos de idade, professora, escritora e poeta Risalva Freitas do Amaral lança amanhã, seu terceiro livro: Retalhos de uma vida.

Risalva Freitas do Amaral nasceu em 5 de abril de 1920 na cidade de São Benedito – CE. Educadora pioneira no então Território Federal do Amapá, sempre se fez presente no mundo artístico-literário. Compositora de hinos e canções, autora de crônicas, poesias, artigos, publicou seu primeiro livro “Gotas do Tempo” em agosto de 2001.
A determinação de tocar os corações por meio das palavras fez com que essa autora produzisse sua mais recente e brilhante obra “Retalhos de uma Vida”. Cada página descobre o colorido de cada retalho que forma o caminho da vida contada através de crônicas e poesias.
A produção deste trabalho emerge das suas lembranças, dos seus ideais demonstrando os tempos vividos desde sua infância até a fase adulta, com a intenção de proporcionar ao leitor a maneira de ler com espontaneidade abstraindo de forma reflexiva para encontrar em cada idéia central uma lição de vida, um momento feliz.

A cerimônia de lançamento será no dia 24, às 16h, na biblioteca da EAP (Rua Amazonas, 20 - prédio do antigo Ceforh, na beira-rio).
Fonte: site da EAP - www.eap.ap.gov.br

Umas e Outras

Crianças dão exemplo
Crianças da escola Aracy Nascimento, no bairro Santa Rita, entraram na luta de combate à dengue. Semana passada percorreram o bairro ensinando a comunidade como se prevenir da doença.
Na escola Aracy Nascimento é feita diariamente a coleta seletiva de lixo e as crianças levam de suas casas para a escola garrafas plásticas, latinhas e outros descartáveis que, depois de selecionados, são encaminhados a entidades que trabalham com material reciclável.
Enquanto isso, alguns estudantes da faculdade UVA continuam tendo faniquitos porque este blog mostrou que eles emporcalham calçadas das lanchonetes que ficam próximas aquela instituição de ensino superior.

Deu no Cláudio Humberto:
Em janeiro de 2005, a modelo Patrícia Melo, 21, pulou ou foi jogada do 14º
andar do hotel Gran Bittar, em Brasília. Não se conhecem culpados.

Pra ficar bonito na foto
O Sebrae oferece no período de 28 de abril a 2 maio um curso de marketing pessoal, que será ministrado por Nelson Vieira, psicólogo clínico e organizacional, especializado em Gestão de Pessoas.
Consta do conteúdo programático temas como ‘Imprimindo a sua marca’, ‘O sorriso como um cartão de visitas’, ‘Esperar ou esperançar’, ‘Os momentos da verdade’, ‘A busca pela excelência’, ‘Alguns princípios para desenvolver a excelência pessoal e profissional’, ‘Atitudes e valores para a construção de uma imagem duradoura’.

Ladainha e marabaixo
Desde às 6h da manhã está rolando festa no bairro do Laguinho em homenagem a São Jorge, com distribuição de caldo e gengibirra o dia inteiro.
A festança começou com alvorada de fogos, prosseguiu com café da manhã e levantação do mastro. Às 18h começa o marabaixo. Uma pausa às 19h30 para a ladainha e depois as caixas voltam a rufar, só parando a meia-noite.

Carnaval
Durante solenidade de posse da nova diretoria, marcada para às 19h de hoje no Malocão do Sesi, a escola de samba Piratas da Batucada anuncia seu enredo para o carnaval 2009: “Da Fortaleza de Macapá ao Cristo Redentor. Piratão e Beija-flor, uma maravilhosa história de amor”

Dim-dim
Câmara de Vereadores de Macapá aprovou, por unanimidade, projeto do Executivo que concede reajuste salarial de 6% a todos os servidores municipais.

Geovane no Senado
Senador Gilvan Borges (PMDB) licenciou-se para tratamento de saúde. Assumiu o mandato seu mano Geovane Borges, primeiro suplente e pré-candidato a prefeito de Santana.
Quer vitrine melhor que essa?

Merci
Faço aqui um agradecimento especial aos estudantes de Letras da Faculdade UVA pela homenagem prestada a mim, Paulo Tarso e Eliakin Rufino, no último sábado. Em meio a um jantar poético, eles declamaram nossas poesias e falaram de nossas obras. Foram momentos maravilhosos. Obrigada.

Contra a dengue
Vereador Valter Vieira, do PPS, é um dos mais preocupados com a possível epidemia de dengue que se desenha para os meses de maio e junho em Macapá.
No início deste mês, Vieira apresentou projeto de lei que dá direito à Vigilância Sanitária usar da força – se preciso for – para vistoriar imóveis, cujos donos não permitem o acesso dos agentes de endemia.
O projeto determina também que tais donos sejam notificados pelo Diário Oficial do Município.

Bom pra sociedade saber os nomes dos elementos que fazem de seus imóveis uma ameaça à saúde pública.

Aviso
De repente aquele político que já faz pose de prefeito pode ver sua candidatura chinar com toda a linha. Tô avisando.

Porcalhões
Quem não quer ser chamado de porcalhão que não emporcalhe a cidade.

Prefeitura faz mutirão

A Prefeitura de Macapá iniciou esta semana um trabalho em mutirão de revitalização do centro da capital. O objetivo é melhorar o aspecto visual de toda a região, compreendendo os perímetros entre as avenidas Ernestino Borges e Feliciano Coelho e as ruas Beira Rio e Hamilton Silva.
O trabalho conjunto mobiliza as secretarias municipais de Obra – Semob -; Manutenção Urbanística – Semur -; Meio Ambiente – Semam -; Desenvolvimento Urbano e Habitacional – Semduh -; e a Empresa Municipal de Transportes Urbanos – Emtu -. Estão sendo realizados serviços de limpeza, com capina e retirada de entulhos das ruas, praças e logradouros públicos; tapa – buracos e recapeamento asfáltico; desobstrução de bueiros e recuperação de bocas de lobo; pintura de meio fio e sinalização vertical e horizontal.
Segundo o secretário municipal de Obras, João de Souza Trajano, a prefeitura está fazendo uma espécie de “varredura geral” no centro da cidade. “Estamos com todo o nosso aparato de pessoal e máquinas trabalhando e fazendo melhorias significativas em toda a região central de Macapá”, ressaltou.
João Trajano pede, no entanto, à população que ajude na manutenção dos serviços que estão sendo realizados, principalmente no da limpeza. Ele disse ainda que o mesmo trabalho será desenvolvido em outros bairros da cidade.

(Assessoria de imprensa da Prefeitura)


terça-feira, 22 de abril de 2008

Bom dia!

"...E por ser assim o homem falou ao Anjo que a felicidade existia. Apenas estava além das lágrimas contemporâneas, colocada depois da dor, na continuidade da espera, na renovação de todas as esperanças." (Alcy Araújo)

Gitinhas

Tá mais fácil encontrar um mapinguari fazendo manobra radical em skate na Avenida Fab do que um não-candidato a vereador.
Verdade! Parece que todo mundo nessa cidade vai se candidatar a cargo de vereador.

A ex-comunista Rosely Matos, pré-candidata do DEM à Prefeitura de Santana, teve que entregar todos os cargos que seus correligionários ocupavam naquela prefeitura petista.
Dizem que foi um ato de cavalheirismo do prefeito Antônio Nogueira esperar que a ex-comunista entregasse os cargos ao invés de botar os demos no olho da rua tão logo Rosely abriu o bocão em emissora de rádio chamando-o de falso, mentiroso e traidor.


Assessoria de imprensa da deputada federal e pré-candidata a prefeita Dalva Figueiredo (PT) tá pior que café requentado em bule mal lavado.

E no Dia do Índio um índio foi assassinado a facadas na aldeia do Manga, no município de Oiapoque (AP). O assassino embrenhou-se na mata e ainda não foi encontrado.

Leacide Moura e Iramel Lima autografam o livro de poemas Encantos encontros hoje na Câmara de Vereadores de Macapá (das 8h às 11h) e na Biblioteca Pública Elcy Lacerda (das 14h às 17h).


Recebi ontem para um chá da tarde, cheio de ternura e poesia, os poetas Eliakin Rufino e Carla Nobre e a mana blogueira Alcilene. Eliakin retorna hoje para Roraima, mas em junho estará aqui participando, como convidado especial, do show de Zé Miguel.

Piscinão do mosquito da dengue

Alô, alô, Prefeitura!
Esse piscinão de mosquito da dengue fica bem atrás da Piscina Olímpica

Saudade


Transcrevo aqui entrevista que meu pai Alcy Araújo Cavalcante (07.01.1924 – 22.04.1989) concedeu no dia 6 de dezembro de 1981, na Rádio Equatorial, aos jornalistas Pedro Silveira e Edivar Mota.

Pedro – Você está disposto a conceder a entrevista e responder perguntas mesmo indiscretas?
Alcy – Em primeiro lugar não gosto de dar entrevistas nem de entrevistar. Mas a seqüência tem que ir ao ar e eu subo ao patíbulo.

Pedro – Qual é a sua, poeta? Você é profissional de imprensa. Com mais de 40 anos de tarimba...
Alcy – Certo. Mas não gosto de conceder entrevistas porque nem sempre as perguntas são inteligentes. Agora mesmo não sei se vocês vão fazer perguntas inteligentes.

Pedro - Não se preocupe que eu e o Edivar bolamos algumas perguntas inteligentes. Afinal de contas a gente integra o que você já chamou de “trio de ouro” da radiofonia amapaense. Lá vai a primeira pergunta: Você parece ter idade indefinível e possui traços fisionômicos caboclos, amazônicos. Por que?
Alcy – Tenho a idade que aparento. Nem um ano a mais, nem um ano a menos. Vim do espaço sideral e aterrissei em Peixe-Boi, na extinta Estrada de Ferro de Bragança, Pará, Brasil, município de Igarapé-Açu.

Pedro – Quer dizer que sua terra natal é Peixe-Boi?
Alcy – Exato. Por isso não sou carne nem peixe. Mas sou estradeiro como o doutor Alberto Lima, o doutor Pedrosa e meu compadre José Epifânio de Souza.

Pedro – Seu nascimento em Peixe-Boi justifica os traços caboclos. Mas, em que ano você chegou ao planeta Terra?
Alcy – No conturbado ano de 1924. Em janeiro, dia 7.

Pedro – Você aterrissou em Peixe-Boi. E depois?
Alcy – Fui crescendo. Aprendi a profissão de marceneiro, de polidor de móveis e de fazedor de versos e mais alguma coisa.

Pedro – Nesta alguma coisa está o jornalismo. Quando foi que começou?
Alcy – O jornalismo foi uma questão de salário e não de vocação. Eu ganhava salário mínimo, na marcenaria São Pedro, na Rua Sete de Setembro, em Belém, perto da Praça da Bandeira. Eram seis mil reis por oito horas de batente pesado. O jornal “A Folha do Norte”, do Paulo Maranhão, pagava oito mil reis por um plantão de revisão. Troquei a bancada da oficina por uma mesa de jornal. Daí a coisa foi indo naturalmente. Repórter de polícia, de esporte, de política, noticiarista, redator, secretário de redação, diretor, editor .... passei pelas redações do “O Estado do Pará”, “Pará Ilustrado”, “Diário Associados” e “O Liberal”.

Pedro – Como foi que você veio para o Amapá?
Alcy – Coisa de política. O Magalhães Barata, meu saudoso amigo, foi derrotado eleitoralmente para o governo do estado, depois de uma campanha terrível onde foi assassinado Paulo Euletério Filho, moço de grande inteligência, intelectual, que foi o primeiro chefe de polícia aqui do Território do Amapá integrando a equipe de Janary Nunes. Aí a coisa ficou difícil em Belém, não dava mais pra ficar lá. Então eu escrevi uma carta para o poeta Álvaro da Cunha, oficial de gabinete do governador Janary Nunes, dizendo que aceitava um convite que me havia sido feito para trabalhar no Amapá, em 1947. Vim, fiquei, estou aqui.

Edivar – Como funcionário público você venceu aqui no Amapá?
Alcy – Funcionário não vence. Tem vencimentos. Eu hoje em dia nem isto tenho. Tenho proventos de aposentado.

Edivar – Mas você ocupou cargos de relevo em algumas administrações. Eu lembro que você ocupou os cargos de diretor da Imprensa, oficial de gabinete, chefe do gabinete do governador, secretário geral. Falta alguma coisa?
Alcy – Falta. Fui chefe de expediente da Secretaria Geral, chefe da Assessoria Técnica do governador, assessor técnico da Câmara, diretor da Difusora, assessor de imprensa e assessor de relações públicas.

Edivar – Isto compensou sua vinda para o Amapá?
Alcy – Compensou. Valeu pelo que foi possível realizar numa terra em estágio pioneiro de desenvolvimento. Eu sou testemunha e participante de um período da história do Amapá.

Pedro – Dizem que você é um técnico em idéias gerais. O que você realizou nessa estranha profissão?
Alcy – Muitos trabalhos. Alguns bem gratificantes moralmente. Tutu mesmo não deu. Atuei na elaboração do primeiro plano qüinqüenal da SPVEA e no plano de emergência para o mesmo organismo. Esses trabalhos carrearam grandes recursos para a região.

Pedro – Um aparte. A SPVEA foi transformada no que é hoje a Sudam.
Alcy – Exatamente. Sou autor do quadro de pessoal da Câmara de Macapá e do plano de classificação do legislativo macapaense. Integrei a equipe que elaborou os projetos de desenvolvimento do Amapá, para o governo Jânio Quadros. Foi uma experiência frustrante. Nos dia em que a equipe concluiu os trabalhos o homem da vassoura renunciou. Mas existem outros trabalhos, como conferências, projetos, monografias e o mais ....

Pedro – E na literatura, o que você fez?
Alcy – Escrevi. Poemas, contos, crônicas que andam por aí em livros, antologias, suplementos literários e esta coisa toda.

Pedro – Há informações de que você vai lançar mais um livro
Alcy – Os originais do livro “Poemas do Homem do Cais” já se encontram no Rio de Janeiro e o lançamento está previsto para dezembro, quando completarei 40 anos de profissão como jornalista.

Pedro – Por falar nisto, como jornalista quais são os destaques de sua vida profissional?
Alcy – Não há destaques. Como jornalista a gente escreve para o dia e pronto. É o fato passando. É a ocorrência diária.

Pedro – Mas você foi contemplado com “menção honrosa” em concursos de reportagem e tem seu nome incluído em antologias e enciclopédias até no estrangeiro. Não considera isto como destaque?
Alcy – Quando eu escrevi a reportagem “Amapá – verde Território da esperança” eu não visava prêmio, mas mostrar o Amapá para o leitor dominical. Aí deu “menção honrosa” e isso foi bom. Quanto as antologias e enciclopédias estão por aí. Modernos Poetas do Amapá, Brasil e Brasileiros de Hoje, Grande Enciclopédia da Amazônia, Grande Enciclopédia Portuguesa-Brasileira e outras.

Edivar – Você disse que não gosta de entrevistar. Qual é o motivo?
Alcy – É que o entrevistado sempre veste roupa limpa por cima da roupa de baixo, nem sempre imaculada. Diz meias verdades, meias mentiras e, quando percebo isto, fico chateado.

Edivar – Quem você já entrevistou?
Alcy – Muita gente. Assassinos, dignatários da Igreja, ladrões, políticos, presidentes e ministros da República, governadores, atletas, artistas, intelectuais. Todo mundo. Inclusive a Rachel de Queiroz, a pessoa mais difícil de entrevistar que eu já encontrei. Nesta época em que a realeza está em baixo astral, quando se diz que vão restar apenas cinco cabeças coroadas – que são as quatro do baralho e a da Inglaterra – eu já entrevistei um rei. (aqui Alcy ri)

Pedro – Peraí, Alcy, que rei foi este?
Alcy – Foi o Sacaca, rei momo do nosso carnaval.

Edivar – De que é que você gosta?
Alcy – Gosto de flores, de juventude, de gente bonita passando, de mar, de noite, de anjos, de crianças sorrindo, de pato, pato vivo, pato assado, pato no tucupi e de outras coisas que Deus deve gostar também.

Edivar – E do que você não gosta?
Alcy – De gente burra, música tocando alto, gritos de dor, guerras, violência, bebida ordinária. E peço perdão por não gostar de alguma coisa que deve ser amada.

Pedro – Fale um pouco da sua vida particular
Alcy – Sou jornalista. Não tenho vida particular. Só tenho a pública. Acontece que há a vida íntima e desta eu não falo. A vida íntima pertence a cada homem, seja ele o Papa João Paulo II ou um gari da Prefeitura. De minha intimidade eu não falo.

Edivar – E como radialista, como é que tem sido?
Alcy – Tem pouca coisa pra dizer. Comecei lá pelos anos 40, na antiga PRC-5, Rádio Clube do Pará, nos tempos de Roberto Camelier. Depois estive fora dos microfones por uns 15 anos. Só retornei aqui no Amapá, numa emergência para apresentar o programa “Umas e Outras” do Agostinho Souza, na Rádio Difusora. Depois veio a Rádio Equatorial onde fui diretor de jornalismo. Em seguida, trabalhei na projeção e organização da Rádio Educadora. Fiz tudo ou quase tudo em rádio. Locução, produção, animação de auditório e o mais. Agora estou de volta aqui na nova rádio Equatorial.

Pedro – Fale agora do compositor.
Alcy – Na realidade não sou compositor, sou poeta, sou letrista. Tenho viajado muitas canções com Nonato Leal. Tenho parcerias com Aimoré Batista, Jacy Rodrigues, Nair Miranda e não sei quem mais.

Pedro – Você já venceu festivais e carnavais de rua
Alcy – Fui vencedor do Primeiro Festival da Canção Amapaense, com Nonato Leal. Com o mesmo parceiro consegui um segundo e um quinto lugar e com Jacy Rodrigues um segundo lugar. Nos carnavais de rua, de escola de samba, consegui três primeiros lugares com Lendas e Mitos da Amazônia, Mãe Luzia e Banco do Brasil.

Pedro – Vamos parar. Uma vida como a do tio Alcy não cabe numa entrevista. Muita coisa deixa de ser perguntada e muita coisa deixa de ser respondida. Resta apenas saber uma coisa: você, Alcy, foi sincero?
Alcy – Fui sincero comigo mesmo.

Pedro – E comigo, com o Edivar e com os ouvintes?
Alcy – Falei algumas verdades, algumas meias verdades e nenhuma mentira.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Bom dia!

Com as cordas do violão fiz um varal de poesias nas estrelas.
(Alcinéa)

Uma pena


Foi cancelado, por falta de apoio, o show “Zion – Deus frontières um coeur”, do compositor, cantor, poeta e escritor francês Moise Culture.

Moise tem três livros publicados: La tour de Babel, L avie des Rasta e Zion, este traduzido para vários idiomas.
E já gravou cinco CDs.

Piratão

Nova diretoria da escola de samba Piratas da Batucada toma posse quarta-feira, 23.
A festa, com muita samba, será no Malocão do Sesi às 19h.
Só tem fera na nova diretoria.
Confere aí:
Presidente: Gilson Ubiratan Rocha
Vice-presidente: Pedro Frankin
Presidente da Assembléia Geral: Sérgio Lemos (Teco)
Vice: Alcilene Cavalcante Dias
1ª Secretária: Janaina de Almeida Pereira
Presidente do Conselho Fiscal: Gervásio Vilhena (Pitel)
Membros Titulares: Coronel Ricardo Dias e Ruy Renner
Membros Suplentes: Oderlei Brito e Cristiano (Fundador da Agremiação)

Teatro

Confirmado para o período de 4 a 10 de maio, no Teatro das Bacabeiras, um festival nacional de teatro. São sete produções nacionais e sete locais. O Festival é uma realização da Federação Amapaense de Teatro Amador – Fata.

Contando os dias

Afinem os violões.
Mano Zoth desembarca aqui na primeira quinzena de maio para matar a saudade dos parentes e amigos que vivem nas bandas de cá.

sábado, 19 de abril de 2008

Boa noite!

Fortaleza de São José de Macapá (Foto: Fabiano Menezes)

Colunistas do blog


Ralhou bem, velho Dinho!

Manoel Bispo

Uma chuva daquelas despencou sobre a cidade, encharcando a noite que vinha vindo.
Mas o espetáculo aconteceu. No palco iluminado do Teatro das Bacabeiras mais uma vez o velho Dinho estava pronto para ralhar. Um pequeno público se fez presente, em virtude do fenômeno metereorológico supracitado.
E eu, lá, entre jovens, crianças e adultos humildemente ávido para receber, pela segunda vez, o Ralho. Dinho, o velho, seu terno branco, não sei se de linho, visivelmente amarrotado, e o bolso cheio de jornais, um execrável guarda-chuva na mão direita, batendo nervosamente na madeira do palco.
Enquanto distribuía os passos no ensaio de uma hipotética itinerância em torno da arte de representar, o velho lavra um protesto. Mal-humorado, às vezes, cômico acidentalmente, poético e filosófico por questão de birra ou vocação.
A platéia silenciou quando o silêncio se fazia imprescindível e riu às gargalhadas quando o personagem quando o personagem se fez cômico na tragicidade do ralho.
Interagiu com a platéia no intuito da sua prosopoética realista, se assim podemos rotular. Faz-se vítima de um sistema cruel, invisível, mas presente onde os direitos do idoso são subtraídos sem dó nem piedade. Exaspera-se. Acomoda-se. Ilustra com o gestual e as palavras situações conflitantes de negação dos direitos constitucionais de qualquer cidadão, seja ele idoso ou não.
Não cabe no alinhavado expresso de palavras aqui contido todo o brilho estilístico do texto, a interpretação comovente do ator e também poeta Dinho Araújo.
Aplausos para o ator, aplausos para os colaboradores, para a platéia-apesar-da-chuva e para o velho em questão, que pode ser qualquer um desses das filas dos bancos, dos hospitais, das filas de esperas, das esperas supliciantes que às vezes duram pequenas eternidades.
Parabéns ao Dinho pela coragem ao abordar um tema delicado como é, com certeza, a injustiça social tenha ela a cara, cor e forma que tiver. Vale ver, vale refletir sobre o visto enquanto se espera o DVD da peça chegar.

(Manoel Bispo Corrêa é poeta e artista plástico. Escreve todos os sábados neste blog)

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Cada deputado federal custa R$ 1,4 milhão por ano

Amanda Costa
Do Contas Abertas


A democracia brasileira não tem preço, mas a Câmara dos Deputados passa a custar mais caro aos cofres públicos a partir deste mês. O órgão elevou ontem de R$ 50,8 mil para R$ 60 mil a verba concedida aos deputados para pagar os funcionários dos gabinetes em Brasília e nos estados. Com o aumento real de 2,94% da verba de gabinete, a conta desembolsada com cada parlamentar brasileiro passa a ser de aproximadamente R$ 114 mil mensalmente, ou R$ 1,4 milhão por ano (veja detalhadamente os benefícios de um deputado).

A soma engloba o salário e a estrutura direta a que o parlamentar tem direito. Cada deputado federal recebe rigorosamente R$ 16,5 mil por mês. Além do 13º salário, o parlamentar recebe ainda o mesmo valor no início e no final de cada sessão legislativa, correspondendo ao 14º e ao 15º salário. Sendo assim, a soma justa do subsídio mensal é R$ 20,6 mil, ou seja, R$ 16,5 mil somados quinze vezes e dividido pelos dozes meses do ano.

Os parlamentares também contam com a verba indenizatória no valor de R$ 15 mil destinada ao ressarcimento de despesas com aluguel, manutenção de escritórios, locomoção, alimentação e despesas diretamente relacionadas ao exercício do mandato parlamentar. A Câmara disponibiliza em seu portal na Internet a prestação de contas de verbas indenizatórias utilizadas pelos deputados. O parlamentar tem que apresentar nota fiscal com os gastos para obter o ressarcimento.

A conta dos deputados aumenta ainda mais com o auxílio-moradia no valor de R$ 3 mil. Os parlamentares que recebem o benefício são aqueles que não moram em apartamentos funcionais. O deputado deve comprovar o gasto com notas de hotéis ou imóveis que tenha alugado em Brasília. A taxa de ocupação dos imóveis funcionais está em 50%. No ano passado, a Câmara gastou R$ 9 milhões com reparos e conservação dos 432 imóveis funcionais.

Há ainda as despesas mensais com caixa postal e telefônica, que contabilizam R$ 4,3 mil para deputados e R$ 5,5 mil para líderes e vice-líderes da Câmara, presidentes e vice-presidentes de comissões permanentes da Casa. Isso sem contar com a cota de passagens aéreas, que varia de R$ 4,3 mil a R$ 16 mil dependendo do estado de origem do parlamentar. Já o limite de gastos com impressões em gráficas é R$ 6 mil (valor máximo por ano). Além disso, o parlamentar tem direito a receber cinco publicações, entre jornais e revistas, em todos os dias úteis.

A verba de gabinete no valor de R$ 60 mil destina-se ao pagamento dos funcionários do gabinete. Cada deputado tem direito a empregar de cinco a 25 funcionários. O aumento do benefício foi anunciado ontem, em plenário, pelo presidente da Casa, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). O parlamentar contesta as críticas sobre o aumento do orçamento da Câmara. “Frente ao reajuste que todo o funcionalismo federal teve, é rigorosamente insignificante”, argumenta.

De acordo com Chinaglia, o reajuste para os funcionários da Câmara já estava previsto no orçamento deste ano. A verba será obtida com os recursos da "venda" da folha salarial da Câmara. Desta forma, para cumprir o acréscimo, não serão necessários mais recursos da União. O reajuste da verba de gabinete foi calculado com base na reposição da inflação desde março de 2005, 15,3% de acordo com o IGP-M, e um aumento real de 2,94%. O último reajuste do benefício foi em dezembro de 2005.

O mosquito e os porcalhões

Recebi e-mail da secretária municipal de manutenção urbanística, Gláucia Maders, parabenizando este blog pela campanha contra a dengue e agradecendo por estarmos ajudando a Prefeitura a identificar os pontos críticos que podem desencadear uma epidemia de dengue na cidade.
Gláucia lamenta que muitos porcalhões insistem em não entender a importância de participação de cada um no combate a dengue. "É preciso que cada um seja um fiscal", ressalta a secretária municipal, lembrando que enquanto não houver essa conscientização é muito díficil combater a doença.
Enquanto isso, estudantes da faculdade UVA têm entulhado minha caixa de e-mail com chororô, faniquitos e ofensas morais porque eu disse aqui no blog que muitos deles emporcalham frentes de lanchonetes, calçadas e paradas de ônibus que ficam próximas à faculdade.
Ficaram ofendidos, chorosos e agressivos. Uns prometem me processar, outros querem me bater e há ainda aqueles - que imagino serem os líderes dos porcalhões - que disparam ofensas morais com a linguagem mais porca que se pode imaginar, quer dizer, são porcalhões até na linguagem.
Dois mandaram um e-mail educadinho, reclamam do posicionamento do blog, argumentam com clareza e não baixam o nível. Esses com certeza não fazem parte do time dos suínos e merecem respeito.
Outros, embora estejam cursando uma faculdade, ainda tem mentalidade de moleque mal-educado, daqueles que metem o nome da mãe em tudo. Verdade! Recebi mensagens com expressões “tua mãe é porca”, “tua mãe é vadia” e outras do tipo. Morri de rir, mas ao mesmo tempo senti pena deles.
Uns afirmam que a UVA é uma instituição séria. E eu - até prova em contrário - concordo com eles. Mas que tem alunos porcalhões, ah, isso tem! E como tem! A culpa é da UVA? Não. Nenhum professor de curso superior vai perder tempo ensinando pra marmanjo noções de higiene. Isso se aprende em casa e no grupo escolar.
Um me informa que perdi três mil leitores, número, segundo ele, de alunos da UVA. Obrigada pela informação. Eu não sabia que todos os alunos da UVA acessavam este blog. Perdi todos esses leitores? Não tem problema. Podem parar de ler meu blog, podem deletar dos seus favoritos, mas parem de emporcalhar a cidade. Aliás, o tempo que vocês gastavam lendo este blog vocês podem aproveitar pra fazer uma campanha, por mais tímida que seja, de combate à dengue. Se cada um fizer um pouquinho isso aqui não vai virar Rio de Janeiro.
É verdade que nem todos os acadêmicos da UVA são porcalhões. Há aqueles que são incapazes de jogar uma tampinha de refrigerante ou um papel de balinha na rua. Já vi uma moça amassando e colocando na sua mochila um copo descartável para não jogá-lo no chão.
Um outro me contou que até tentou fazer um campanha de conscientização entre os colegas, mas não sentiu receptividade.
Bom, esse papo já está ficando muito longo. Então encerro por aqui, mas dizendo que não vou desistir desta campanha contra a dengue e que quem não quiser ser chamado de porcalhão que não emporcalhe a cidade. Combinado?

Calçada de uma lanchonete defronte da faculdade UVA, na avenida Almirante Barroso
entre Hamilton Silva e Manuel Eudóxio

terça-feira, 15 de abril de 2008

Só macuricando...

No leso
Tem candidatura por aí que tá pior que papagaio no leso. Não pega "pinura" de jeito nenhum.

Mofo e dengue no “Minha Gente”
Inaugurado com pompa pela então primeira-dama do país Rosane Collor o prédio do Projeto Minha Gente, que hoje abriga uma escola, é uma ameaça às crianças que ali estudam, aos professores, funcionários e à vizinhança.
O prédio tá cheio de mofo, focos de dengue e infiltrações.
O Ministério Público Estadual já recomendou a interdição.

O escuro que sai caro
Ou a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) regulariza imediatamente o fornecimento de energia elétrica no município de Laranjal do Jari ou terá que pagar multa diária de R$ 100 mil.
A decisão é do juiz da Comarca de Laranjal do Jari, Carlos Fernando Silva Ramos, que acatou ação movida pelo Ministério Público contra a CEA.

Heloísa Helena
A companheirada do P-SOL tá mais feliz que festeiro de marabaixo. Tudo porque a ex-senadora Heloísa Helena, presidente nacional do P-SOL, confirmou que estará em Macapá na próxima quinta-feira, 17, para participar do lançamento da pré-candidatura de Randolfe Rodrigues a prefeito de Macapá.
O lançamento será às 10h no Centro de Convenções Genildo Batista.

Facinho, facinho
Queridinho da maioria dos deputados estaduais, Roberto Góes, pré-candidato do PDT a Prefeitura de Macapá, não têm encontrado nenhuma dificuldade para aprovar seus projetos de lei. Ontem mais um foi aprovado e trata de criação de cursos técnicos profissionalizantes de curta duração. Isso dá voto.

Segredos no bule
Ninguém sabe ainda o que tinha no bule de café que a deputada federal Dalva Figueiredo (PT) ofereceu ao companheiro deputado estadual Joel Banha. O certo é que depois deste café, Joel desistiu de bater chapa com Dalvinha na convenção que vai indicar o candidato petista a Prefeitura de Macapá.

Dalva e Capi
Dalva encheu de café seu famoso bule e foi conversar com o ex-senador Alberto Capiberibe (PSB). Ela quer o apoio dos pessebistas e estes querem o apoio dos petistas. Como o café não estava no ponto nem PT nem PSB abrem mão de candidatura própria. Nova rodada de café fica para o segundo turno.

Xô, dengue!

Pracinha da Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa)

Poesia no Botequim

"A palavra é nossa melhor aventura no uni-verso
ela fez o mundo, seja por deus ou por zeus...
a palavra está sempre nos espreitando
ela nos cutuca e nos desnuda"
(Carla Nobre)
O Grupo Abeboporá das Palavras apresenta hoje, 15, o recital “Amapá em Poesia”, a partir das 20 horas no Projeto Botequim do Sesc-Araxá.
E tem participação especial de Enrico di Micelli, Joãosinho Gomes e do poeta roraimense Eliakin Rufino.

Poetas do Amapá

Presente
Afonso Rodrigues

Só o presente,
o instante
é o que me faz bem!
Os mistérios
os segredos
não levo a sério
Quero voltar a dormir cedo
ler os meus livros
e visitar meus amigos.

No momento
me contento:
em te ver
tomar sorvete
na lanchonete
passear de bicicleta
voar de borboleta
Em ver
o rio passar
sem ter que me molhar.
As cores do arco-íris
sem ter que ir atrás
do seu pote de ouro.
Só não me pergunta
se eu ainda tenho um lar pra voltar
alguém para amar
e quais os sonhos que ainda quero sonhar.
Pois, entre a poesia e a vida
há mais coisas que entre o céu e a terra.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O Ralho

Escritor e ator Dinho Araújo volta ao Teatro das Bacabeiras, amanhã e quarta-feira, com o monólogo "O Ralho", desta vez para a gravação do DVD.

O monólogo, que já foi apresentado mais de 80 vezes, é um verdadeiro ralho, dado por um idoso, na sociedade e autoridades.
Com irreverência e bom humor, Dinho aborda a falta de escolas para as crianças, a falta de hospitais, a falta de perspectivas para a juventude e o desrespeito à terceira idade.
O Ralho é o desabafo de um idoso sem tendência político-partidária. Seu ponto de vista é sempre o da razão, fato que o torna inquestionável e respeitado.
Quem ainda não assistiu ao espetáculo ou assiste agora ou depois só poderá vê-lo em DVD.
Então, agende-se para não perder estas últimas apresentações deste grande espetáculo.
Dias: 15 e 16 de abril, às 20 horas no Teatro das Bacabeiras.
Ingressos: R$ 5,00 (estudantes e crianças pagam R$ 2,50). Vale também como ingresso um quilo de alimento.

Uma crônica de Ernâni Motta

O CASAMENTO DA RAPOSA
Ernâni Motta

Depois do almoço, quando nos animávamos para as brincadeiras, aquela frase era repetida, como o velho carrilhão pendurado na parede, badalando as horas: - meninos, primeiro o dever de casa. Minha mãe era uma doçura, mas, nessas horas, sinceramente, aquela não era uma frase que me agradasse aos ouvidos, porém, não havia como fugir. Então, aos deveres.
Meio preguiçosamente, fazia o meu trabalho. Não raramente, entretanto, quando já estava próximo do fim, percebia que o vento assoprava com mais força, o que era o prenúncio de que a chuva viria a seguir. Apressava-me em fazer o dever de casa e antes que as primeiras gotas começassem a cair, eu estava com as tarefas terminadas.
Alguns minutos mais e começa o maior toró... O sol praticamente a pino e o maior aguaceiro caindo. Em Macapá daquela época, a gente dizia que era o casamento da raposa. Não demorava muito e as ruas estavam todas alagadas.
Aquilo era uma festa para a molecada, e lá íamos todos para o meio da rua... Naqueles tempos, podíamos fazer isso sem susto, pois, os aloprados ainda não existiam e o trânsito era tão insignificante, que posso dizer que nem existia. Corríamos de um lado para o outro, sem rumo nem direção, extravasando o estresse ou nem isso, simplesmente, aproveitando a água que caía do Céu.

Com todas as letras, aquilo era um delicioso Banho de Chuva. E qual moleque não gosta de um bom banho de chuva?
Após o corre-corre sem destino, íamos jogar o nosso futebol, com perdão da má palavra, com uma velha bola de borracha, mas, que fazia a nossa festa. O pedido de perdão pela má palavra é porque, pernas de pau que éramos, não posso dizer que aquilo era futebol. Lembro mais, houve um dia em que a bola furou, como não tínhamos outra, ficamos com aquela mesmo, por não sei quanto tempo.
O importante – é bom que se diga – são as lembranças daquelas tardes em que tínhamos os famosíssimos “casamentos de raposa”. Mas, saudosismos à parte, é muito bom lembrar da excitação que nos causavam aqueles banhos de chuva. Coisa que a cidade grande não permite à molecada desses novos tempos de games eletrônicos. Aliás, nem sei se em Macapá ainda ocorre o velho fenômeno do casamento da raposa.
Saudade, mesmo, tenho do dia em que, quando São Pedro abriu as torneiras e saímos correndo para o meio da rua, ela apareceu, com um vestido de chita florida e cores fortes, que ensopado, pela chuva, estava todo colado em seu corpo. Seus seios pequenos e divinamente desenhados estavam, praticamente, à mostra e apontados em minha direção, como um dedo em riste a me acusar, por meu olhar de cobiça. Confesso que tentei evitar, mas, desprotegidos de qualquer outra peça e o fino vestido colado neles, eram a mais doce das tentações, a que já fui submetido, na vida.
Seus cabelos pretos e longos estavam igualmente encharcados e corriam-lhe pelas costas e a franja alcançavam-lhe as grossas sobrancelhas. Aliás, franja, naqueles tempos, era chamada, em Macapá, de pastinha. Era a visão de uma índia doce, bonita e tentadora, mas, com um sorriso ainda pueril, ali, à minha frente.
Às vezes, fico pensando com os meus botões, será que a vi mesmo ou tudo não passou de um exercício da minha imaginação? Mas, até hoje é tão real, que me recuso em acreditar que, de fato, não a vi. Não, a minha imaginação não seria tão fértil e criativa a esse ponto. Seguramente, ela esteve à minha frente, naquele dia, que não importa qual...
Lembro que nos olhamos, com o olhar próprio de quem quer deixar de ser criança, mas que ainda não sabe o que é ser adulto. Um olhar impregnado de desejo, porém, receoso do desconhecido. Na verdade, meio com medo daquela coisa instintiva que nos fazia ferver o sangue.
Penso que aquela troca de olhares durou uma eternidade... Seria pedir demais que soubesse o tempo precisamente, mas, a luz dos seus olhos negros cingiram-me as entranhas, como de propósito para jamais esquecê-la.
A chuva fria, que nos banhava os corpos, não era capaz de desaquecer as nossas almas. Recordo que, passado algum tempo, num verdadeiro ato de bravura, segurei-lhe as mãos. Ela riu e me falou baixinho: “Ah! Meu Deus, se a minha mãe vê... Não sei o que será de mim”.
Então, me enchi de coragem, tal qual os mocinhos dos filmes que assistia no Cine João XXIII, e lhe disse: “Se sua mãe brigar, vou à sua casa e digo a ela que amo você”. Ela riu e replicou: “Ela põe você pra correr de lá”. Rimos juntos e ela, delicadamente, tirou suas mãos de entre as minhas.
A poeira do tempo encarregou-se de fazer com que nunca mais nos víssemos, porém, uma chuva em tarde ensolarada, não tem jeito, faz-me lembrar daquele banho de chuva.

(Bancário aposentado e jornalista, Ernâni Motta é amapaense morando há muitos anos no Rio de Janeiro. Mantem o blog ernanimotta.zip.net pelo qual nós amapaenses amigos dele matamos um pouco da saudade)

Recebi com pedido de publicação

O que é educação? Se o respeito não vier na contramão
Professor Antônio João Melo
Nada censura, nada intimida se o conhecimento do saber não for confundido com o “conhecimento” do poder. Ilusório poder! A sensação que temos é que estamos retrocedendo, estamos devendo, estamos pagando contas com juros na educação. Cadê o nosso crédito? Virou uma navalha? Essa semana os professores da Escola Alexandre Vaz Tavares aviltados no seu profissionalismo, colocados em cheque, desrespeitados sem noção de semântica, enxovalhados como se cada um não soubesse o seu papel de educador e de professor. Afinal, o que é ser um bom educador? Será que já não está na hora de reavaliar o próprio ensino atual? A cada dia ficamos à deriva, submissos ao pacto da mediocridade que instalou nessa inchada educação. Será que é isso que queremos e merecemos? Enxugam-se outras margens com “quantidades”, facilidades e o mar de qualidade nos parece cada vez mais distante. Haja paciência! Abarrotam-se salas, criam-se exames de massa desvalorizados, reaparecem pseudo-chefes de gabinete que criticam sem saber e sem conhecer a prática de sala de aula. É cômodo demais exigir qualidade, avaliação pertinente, sistemática condizente se o poder da matriz se esconde e não faz por onde. Por isso, caríssimos senhores do Gabinete da Divisão de Inspeção e Organização Escolar(DIOE), tenham um pouquinho mais de cuidado e respeito ao fazer colocações impensadas e citações viciadas aos profissionais da nossa escola, porque por trás das “máquinas de reprovações” há pessoas, gente de bem, trabalhadores que tentam heroicamente mostrar que ainda é possível fazer educação sem necessariamente servir como “cabide” de propaganda para dizer que está tudo cor de azul, azul, azul...

domingo, 13 de abril de 2008

Do meu jardim pra você

"Aqueles que têm uma grande admiração pela beleza das flores possuem corações
que a elas se assemelham." (Meishu-Sama)

sábado, 12 de abril de 2008

Sexagenário traficante é preso em Macapá

A Polícia Federal prendeu agora há pouco um sexagenário que portava 7,3kg de pasta de cocaína.
Após denúncia anônima de que um homem aparentando 60 anos estaria hospedado no hotel Novo Mundo, localizado na Rua Coaracy Nunes (Centro comercial), portando grande quantidade de droga, os agentes federais, juntamente com o BOPE da Polícia Militar do Amapá se deslocaram para o local e aguardaram o indivíduo sair.
Tão logo o elemento deixou a recepção do hotel, os policiais o seguiram até em frente ao Banco BASA, ainda na Rua Coaracy Nunes, quando o abordaram e realizaram o flagrante.
Ele estava com uma bolsa térmica com a droga acondicionada em 7 pacotes. Segundo a PF, o sujeito não apresentou reação. Estava bastante calmo e confessou à polícia que esta é a terceira vez que transporta droga para o Amapá e que já foi preso em Rondônia, na década de 80, por tráfico.

Só esta semana a PF apreendeu em Macapá mais de 20 kg de pasta de cocaína.

Poetas

Os poetas Manuel Bispo, Alcinéa Cavalcante, Ricardo Pontes, Paulo Tarso e José Pastana, num bate-papo gostoso quarta-feira à tardinha na escadaria do Teatro das Bacabeiras.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Blogueiros contra a dengue

Os blogs mais lidos do Amapá aderiram a campanha "Xô Dengue" lançada por este semana passada.
Muito mais que os jornais, rádios e TVs os blogs estão contribuindo para evitar que Macapá venha a sofrer uma epidemia de dengue.
Os blogueiros dão dicas para se evitar a doença, denunciam os porcalhões, mostram onde estão os criadouros do mosquito e cobram atitude do poder público e da população.
Mesmo quem não tem blog pode usar a blogosfera para fazer sua parte no combate a dengue. Basta enviar para o blog de sua preferência a foto ou o endereço de criadouros de mosquito no seu bairro que a gente publica, ralha com o porcalhão e dedura para a Prefeitura. E a Prefeitura vai lá. Já constatei isso.
Então, vamos nessa!
Não morra e nem mate seu vizinho de dengue.

Alô, alô, Prefeitura!
O brinquedo infantil Castelinho, da Praça Nossa Senhora da Conceição, virou hotel para o aedes. Ele tá "atupetado" de copos descartáveis, garrafas pet e latinhas de refrigerante. A foto está no Idéias de Jeca-Tatu (link ao lado)

No Pacoval os mosquitos brincam de pira num terreno baldio localizado na rua Ceará, pertinho do Comercial Lima. Veja a foto no Papos de Juventude (link ao lado).

EXTRA! EXTRA!

Policiais federais estiveram ontem na Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema).
Uma coisa é certa: não foram lá pra tomar cafezinho nem bater papo furado.
Tem cheiro de bomba no ar e gente com as barbas de molho.

Só te macuricando

VERBA INDENIZATÓRIA
Dos oito deputados federais do Amapá quem mais usou em março a verba indenizatória (aquela grana que sai do bolso do povo para os “ilustres” gastarem com propaganda, combustível, alimentação e outras cositas) foi a Fátima Pelaes (PMDB). Ela gastou exatos R$ 14.612,00.
Quem menos gastou foi Lucenira Pimentel, do PR: R$ 828,00.
Fátima quer ser candidata a prefeita; Lucenira, não.

O comilão
O comunista Evandro Milhomem gastou em alimentação R$ 9.650,00.
Também daquele tamanhão o sujeito só pode comer muito mesmo (ok, dessa grana entra também um tantinho pra locomoção e hospedagem).


Filma eu
Sebastião Bala Rocha (PDT) aloprou em “divulgação”: R$ 5.200,00.
Pré-candidato a prefeito de Santana (o segundo maior colégio eleitoral), Bala vive na mídia.

Semana passada até perguntaram se ele virou radialista, já que todos os dias é ouvido num certo programa de rádio.

Gasolina
A bancada do PMDB é tão unida que combina até a gasosa.
Fátima Pelaes e Jurandil Juarez, ambos do PMDB, empataram no quesito combustível. Cada um gastou R$ 4.500,00.
Mas o recorde ainda é de outro peemedebista: o ex-deputado Gervásio Oliveira, que gastava mensalmente R$ 15 mil em combustível.

Um luxo só
Deve ser assim o escritório do senador Gilvan Borges (PMDB), afinal ele gasta – e o povo paga - mensalmente R$ 15 mil de aluguel. Se alguém souber o endereço favor informar aí na caixinha de comentários.


Bandolinha
Já o valor do aluguel do escritório do senador tucano Papaléo Paes é R$ 500 mensais. Coitado. Deve ser uma bandolinha.
No escritório do Gilvan cabem 30 escritórios do Papaléo. Né não? Faz as contas aí.

Sai pra lá, mosquito!

Denuncie que a Prefeitura vai lá
Todo dia eu coloco aqui no blog fotos de criadouros do mosquito da dengue e dou o endereço para que a Prefeitura de Macapá tome as providências.
Ontem eu fui conferir se a Prefeitura fez alguma coisa.
Fez!
O Minibox Miranda e a Farmácia (aquela que fica pertinho do Pronto Socorro) receberam a visita de fiscais da Vigilância Sanitária e agora estão com as calçadas limpas.
Foi retirado o lixo da frente daquele terreno baldio que fica a poucos passos de uma parada de ônibus.
Portanto, vale a pena de denunciar nos blogs, no rádio, na televisão, nos jornais ou pelo telefone 3213-1073, do Departamento de Vigilância Sanitária da Prefeitura de Macapá.
Hoje vou ver se houve ação da prefeitura também nos outros pontos mostrados aqui no blog e depois venho contar pra vocês.

Alô, doutor Pedro Paulo
O senhor já mandou eliminar aquele criadouro de mosquito da calçada do Pronto Socorro? Não fique esperando pela Prefeitura, afinal o PS é do Estado. Aproveite e mande fazer uma vistoria nos outros hospitais estaduais. Com certeza vai encontrar focos de dengue e ninhos de ratos.
Pedro Paulo é o secretário de Estado da Saúde

Só pra lembrar
A explosão da dengue em Macapá se dá nos meses de maio e junho, portanto ainda dá tempo de evitar uma epidemia. Mas para isso é necessário que o poder público faça uma campanha agressiva e que a população se conscientize.


Prêmios pra quem cuida
Lá em São Paulo, a Prefeitura de Araraquara organizou uma série de ações que vão desde mutirões de limpeza e nebulização até prêmios para os moradores.
Toda semana um morador da cidade é sorteado e terá a sua casa vistoriada e as de seus vizinhos da esquerda e da direita. Se em nenhuma das três casas for encontrado criadouro do mosquito, o sorteado ganha um aparelho de televisão.