segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Bom dia!

Este blog está em novo endereço

Anota aí:
www.alcinea.com

Tô te esperando lá.
Não demora :)

Mas de vez em quando estou por aqui também

Gitas e gitinhas

Quer botar teu vereador pra trabalhar? Então liga pro “Disk Câmara” (3212-8366) sugerindo indicações e projetos e depois liga de novo cobrando. O “Disk Câmara”, segundo o presidente Rilton Amanajás, foi criado para facilitar o processo de aproximação entre os vereadores e o povo. Dizem que o telefone não pára de tocar. São inúmeras ligações dos eleitores pedindo e cobrando ações da edilidade para resolver problemas da falta de iluminação, limpeza, escola e pavimentação, recuperação das ruas e tapa-buracos.

Presidente da Assembléia Legislativa e pré-candidato ao governo Jorge Amanajás (PSDB) me disse que está conversando com vários partidos visando 2010, mas que é com o PSB que as conversações estão mais avançadas.
E por causa disso, os linguarudos de plantão andam dizendo por aí que já está sendo montada a chapa “Grilagem com Transparência”. Pura maldade!

Crescem os rumores de que Alberto Góes (PDT), secretário especial do governo, será candidato a governador.

E de repente o vice-governador Pedro Paulo Dias (PP) pode não ser candidato a nada. Fica no governo apoiando Alberto Góes para governador e Waldez Góes para senador, com a promessa de que em 2014 será o candidato dos dois ao governo do Estado.

Uma perguntinha: Pararam de fazer blitz de controle da Lei Seca?
Bares, boates e espeluncas estão funcionando até de manhã. E o resultado disso está no crescente número de mortes violentas nos finais de semana.

Terceiro recurso do prefeito Roberto Góes e vice-prefeita Helena Guerra contra cassação de diploma deles será julgado amanhã pelo TRE. O relator é o juiz Marco Miranda.

Deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP) é destaque na revista Cláudia deste mês. Em reportagem de duas páginas, intitulada “A Vida é Bela”, a repórter Alessandra Roscoe faz um passeio pela vida da deputada amapaense. Inicia a reportagem lembrando que Fátima Pelaes nasceu num presídio e lá viveu até os três anos de idade e que sua biografia diferenciada tornou-a mais forte e sensível às questões sociais.” A revista destaca que Fátima Pelaes é reconhecida como uma das parlamentares mais sérias do Congresso Nacional.

Retrato em preto-e-branco

1972 – No estúdio da Rádio Educadora, João Lázaro entrevista o cantor e baterista José Maria Santos

João Lázaro fazia parte da elite dos mais badalados disck-jóqueis dos anos 60 e 70 e apresentava um dos programas mais ouvidos do rádio amapaense: “Os reis do iê-iê-iê”. Radialista dos bons, era também funcionário da Prefeitura Municipal de Macapá. Hoje, aposentado, pilota o blog “Sintonia Fina”.

José Maria Santos, menino criado nos bairros da Favela e Laguinho, chegou a ser considerado o melhor baterista da região Norte. Tocou em quase todos os conjuntos da época e fez parte da primeira formação da bateria da escola de samba Piratas da Batucada, por onde ganhou o título de “Tamborim de Ouro” do carnaval amapaense. Excelente intérprete, fazia sucesso nos festivais da música amapaense e defendendo música de Isnard Lima ganhou o troféu de Melhor Intérprete. José Maria Santos virou Jomassam, cantor de sucesso na Guiana Francesa. De vez em quando visita Macapá e nos encanta cantando divinamente bem.

(Foto: acervo do João Lázaro)

domingo, 18 de outubro de 2009

Poetas do Meio do Mundo

Está tudo pronto. No próximo dia 4, às 19h no Teatro das Bacabeiras, será lançada a coletânea de poesias do grupo Uni-verso, que reúne 16 poetas do meio do mundo.
A organização é de Manoel Bispo e a coordenação de Alcinéa Cavalcante, Ricardo Pontes, José Pastana, Rostan Martins e Manoel Bispo – que fazem parte da diretoria do Uni-verso e também do Clube dos Poetas.


Eles dizem que a publicação é o ponto culminante de uma empreitada intelectual e artística que se pretende vitoriosa. E contam que sempre se perguntavam o que fazer para se chegar à edição da produção que estava engavetada. A resposta veio com os encontros de poetas e escritores nos eventos culturais que tornaram próximos os que estavam eqüidistantes, no desenho panorâmico da diversidade cultural que nos assemelha.

Da aproximação surgiram as idéias; das idéias, a ação. E assim nasceu o Projeto Samaúma da Literatura Amapaense – Poetas, contistas e cronistas do meio do mundo, que até o final do ano lançará quatro coletâneas: duas de poesias, uma de crônicas e uma de contos.

Os poetas contemplados na coletânea de poesias que será lançada dia 4 são personalidades que entre suas preocupações procuram externar seu amor pelas nossas coisas e, no uso da sensibilidade, nos dizem verdades e fantasias em versos decorrentes das suas visões de mundo. “A visão de mundo de cada poeta estabelece uma espécie de riqueza abstrata que se insinua na cor estilística e na forma definida dessa arte de encantar palavras”, diz Manoel Bispo.
O Projeto Samaúma tem o apoio da Confraria Tucuju e do Governo do Amapá.

Poetas que participam desta primeira coletânea:
Alcinéa Cavalcante
Carla Nobre
Fernando Canto
Herbert Emanuel
Jô Massam
João Barbosa
Jonas Diego
José Pastana
Manoel Bispo
Mauro Guilherme
Obdias Araújo
Osvaldo Simões
Paulo Tarso
Ricardo Pontes
Rostan Martins
Sânzia Fernandes

Lembranças do Bartola

Ginásio Santa Bartoloméa Capitânio na década de 60
Estudei no Ginásio Santa Bartoloméa Capitânio – que a gente chamava carinhosamente de Bartola.

Fui pra lá com cinco anos de idade fazer o Jardim da Infância que, na época, era chamado de pré-primário.

Nos primeiros dias de aula fiz o que toda criança faz. Abri o berreiro. Minha mãe ia me deixar e quando ela me entregava para a freira e se afastava pra voltar pra casa eu chorava sem parar dizendo “eu quero a mamãe. Cadê a mamãe? Chama minha mãe”. Na segunda semana a madre superiora (era a diretora da escola), irmã Antonieta, disse para minha mãe que se eu continuasse chorando ela não me queria mais na escola. Parei de chorar, mas nunca consegui gostar da freira, uma morena baixinha. Ela era carrancuda, feia, má, nunca sorria. Mentira! Ela não era nada disso. É que eu tinha medo dela porque ameaça me mandar embora se eu chorasse, então arranjei todos estes defeitos pra ela e fiquei feliz quando ela foi substituída pela Irmã Rosa, uma freira alta, forte, grandona, rosto corado. Parecia uma portuguesona.

No pré I e II fui aluna de Irmã Tereza. Era branca, alta, magra e tinha os olhos claros. Foi com ela que aprendi o ABC, as cores, formas, contar de um a cem, escrever um monte de palavras e soletrar e ler. Sabe qual foi a primeira palavra que escrevi? Avião. Sim. Na primeira página do nosso caderno de caligrafia tinha o desenho de um avião e pedi logo que ela me ensinasse a escrever a-vi-ão. Pintei o aviãozinho de várias cores e escrevi a palavra um montão de vezes.

Da primeira a quarta série do primário minha professora foi a irmã Lúcia. Eu amava essa freira. Era linda, morena, baixinha, serena, amável, carinhosa, voz mansa. Nunca, mas nunca mesmo esqueci Irmã Lúcia.

O Bartola era uma escola impecável. O piso – de madeira – era encerado com esmero. Estava sempre brilhando. A entrada era pela Hamilton Silva. Do lado esquerdo um corredor imenso – que ia da entrada até a cantina lá no fim da escola. Ainda do lado esquerdo ficavam as salas de aula, a diretoria, os banheiros e a cantina. Uma quadra, com piso de alvenaria, ligava tudo ao lado direito – salas que a gente quase não tinha acesso, pois era o alojamento das freiras. Só numa a gente podia entrar – mas isso era raro. Era onde ficava a imagem de Nossa Senhora Menina, que parecia uma boneca deitada num bercinho.

Nosso uniforme era um luxo – o Bartola era a única escola particular na época. Saia pregueada de listas finas azuis e brancas, blusa branca e gravatinha. A gravata era feita do mesmo tecido da saia e trazia bordada as iniciais da escola: GSBC.

Antes de entrar em sala de aula, havia a formatura na quadra. Série por série formando fila indiana e todo mundo rezava o Pai Nosso, Ave Maria e Santo Anjo. Terminada a oração cada turma seguia para sua sala em fila indiana, claro. Como já disse pra vocês o piso da escola era impecável, as salas brilhavam de tanta limpeza, portanto, ninguém entrava ali com o sapato sujo. Em época de inverno, quando a lama pregava nos sapatos, estes ficavam arrumadinhos do lado de fora da sala.

Nas carteiras nenhum arranhão, nenhum risco. Cada aluna levava na pasta (não existia mochila) uma toalhinha azul de plástico para cobrir a carteira e nem na toalhinha podíamos rabiscar qualquer coisa. Nosso material escolar tinha que estar sempre limpo, arrumado, organizado. Livros e cadernos encapados com papel de presente. Lápis bem apontado e nada de roer ou quebrar. Borracha limpinha, como se fosse novinha.

Na hora do recreio, a saída era em fila indiana. Quem levava lancheira ia pra quadra lanchar. Quem não levava comprava o lanche na cantina sem furar a fila.

No Bartola, além de português, matemática, história, geografia, ciências e religião, a gente aprendia noções de higiene, postura, modo de se comportar à mesa, solidariedade, respeito aos mais velhos, amor ao próximo, dividir e ser humilde. Na sexta-feira depois do recreio tinha aula de religião. Quase ao final da aula eram distribuídos papeizinhos onde tínhamos que escrever nossos pecados – e eram pecados tão inocentes, como: “fulana me pediu um bombom e eu não dei”, “briguei com meu irmão”, “disse que minha colega era feia”, “comi leite em pó escondido de minha mãe”… Os papeizinhos eram colocados numa caixinha de papelão e íamos para o parquinho, ao lado da quadra, onde tinha uma estátua de Nossa Senhora. Ali fazíamos nossa oração, pedíamos perdão pelos nossos pecados e que Nossa Senhora abençoasse e protegesse todas nossas coleguinhas, nossas famílias, vizinhos, os enfermos etc etc. A caixinha com os nossos pecados era queimada. Pronto! Nossos pecados tinham virado fumaça. Estávamos perdoadas e a gente voltava pra casa se sentindo leve e feliz.

Toda vez que passo na frente do Bartola tenho vontade de entrar lá. Sei que cresceu muito, que deve estar muito diferente da minha época. É provável que o piso não seja mais de madeira. Imagino que seja de lajota. As paredes devem ser de alvenaria e as venezianas azuis das salas devem ter sido substituídas por outro tipo de janela.

Mas o que eu tenho uma grande curiosidade de saber é se ainda existe no parquinho a imagem da Nossa Senhora que perdoava os nossos pecados. Quero vê-la e quero ver de novo aquela Nossa Senhora Menina, igualzinha uma boneca no seu bercinho.

Ah, e antes que eu esqueça: durante todo o meu curso primário a menor nota que tirei foi 9,7.

sábado, 17 de outubro de 2009

Isso é que é vida!

Fim de semana com cara e jeito de fim de semana é aquele em que de repente, sem planejar, a gente se junta pra comer no quintal, à sombra da mangueira, um peixe assado na brasa e temperado com bastante chicória e alfavacas fresquinhas, colhidas no próprio quintal.

E foi assim ontem. De repente Volney Oliveira chegou trazendo tucunaré e bodó. “Que vocês acham da gente fazer uma peixada agora?“, perguntou pra mim e pro meu marido. “É pra já“, respondemos. Quem faz o fogo quem não faz, quem tempera, quem arruma a mesa. Coisas que são decididas em segundos.

Bodó é o peixe preferido do nosso amigo Osvaldo Simões, o Camarada. Ah, então tem que avisar o Camarada que vamos comer bodó assado. Telefonamos. Ele estava na Igreja (Messiânica) cumprindo seu plantão. De lá veio direto pra minha casa.

Tem peixe pra todos nós e pra quem mais chegar. E a peixada roloubodo11 até o comecinho da noite, com cervejinha (eu não bebo, mas eles bebem), refrigerante, suco e muita conversa recheada de causos da política, do carnaval, do jornalismo… Difícil era tirar o pitiú do bodó que ficou impregnado em nossas mãos. Lava com sabão grosso, sabão líquido, sabonete … e nada! Até que alguém lembrou-se de como faziam nossos avós e deu a dica: passar um pouquinho de manteiga nas mãos, nos cantos das unhas, deixar a manteiga agir por 15 minutos e depois lavar só com água. Tiro e queda! Serve também pra tirar o pitiú do tamuatá. É… morrendo e aprendendo.

Não sei se já contei pra vocês. Mas uma das coisas que eu e meu marido mais gostamos de nossa casa é o quintal. Nele passamos a maior parte do dia quando estamos em casa, lendo, escrevendo, conversando, namorando, recebendo amigos, reunindo a família. É um quintal sem luxos. Não tem piscina, mesa de mogno, cadeiras caras, churrasqueira grande e moderninha. Mas tem árvores, flores, sombra, vento, uma pequena horta, passarinhos, paquinhas, calangos, camaleão, sino do vento, muita paz e alegria. Pra nós é um pedacinho do paraíso.

Consideramos um privilégio ter um quintal assim e gostamos de dividir isso com os amigos. Por isso é sempre com muito prazer e alegria que recebemos quem aqui chega e logo tudo vira festa. Às vezes o papo é alimentado pelo cafezinho feito pela minha secretária Nete. Outras vezes rapidinho rola um churrasco, um peixe assado, um camarão no bafo ou um chá com biscoitos.

Pode rolar também a cerveja ou o açaí.

Falar nisso, certo dia minhas amigas Márcia Corrêa e Girlene Oliveira chegaram aqui com açaí do grosso e camarão fresco. A idéia era fazer o camarão no bafo para almoçar com açaí à sombra da mangueira. Acontece que tinha cerveja na geladeira. Meu marido pegou umas latinhas e levou pro quintal. As meninas deixaram de lado o açaí e partiram pra cerveja e o camarão virou tira-gosto. O “tal almoço” só terminou quando a lua apareceu.

E assim a gente vai curtindo a vida e sendo feliz.