terça-feira, 24 de abril de 2007

Embrapa pesquisa melhoramento do açaí

Embrapa Amapá pesquisa melhoramento genético do açaí
Por Dulcivânia Freitas

A margem do Furo do Mazagão, no município homônimo do Estado do Amapá, é endereço de um experimento da Embrapa Amapá que pesquisa o melhoramento genético do açaí. Isso significa que em três anos os produtores poderão contar com sementes melhoradas, que permitirão uma boa produtividade de açaí no ano inteiro. Com isso, tem-se uma perspectiva para acabar a escassez do ”vinho da Amazônia” na época da entressafra, que geralmente vai de agosto a dezembro.

Para que isso seja possível, há seis anos Embrapa Amapá mantém um banco de germoplasma de açaí que ocupada uma área de quase 8 hectares. O açaizal, em molde experimental, é resultado de um projeto que contou com recursos do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais (PPG7), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e do Governo do Estado, via Secretaria de Ciência e Tecnologia (Setec).

De acordo com o pesquisador Silas Mochiutti, atualmente as plantas estãosendo avaliadas e será feita uma seleção daquelas que apresentam melhor produtividade – cachos maiores para produção de sementes destinadas aos produtores. “No final deste ano, já teremos sementes para produtores que trabalham com açaizais de qualidade inferior, os chamados petecões (caroço grande, com cerca de 20 mm de diâmetros), aqueles que têm pouco valor no mercado porque apresentam pouca polpa”, explicou Mochiutti.

No caso da semente prevista para 2010, será adequada às necessidades do produtor que já dispõe de plantas com boa produtividade do chamado açaí “chumbinho” (caroço pequeno, com cerca de 5 mm de diâmetros), com alta rentabilidade de polpa, porém, escasso no período da entressafra. Ou seja, trata-se de uma pesquisa que trabalha na perspectiva de obter sementes que garantam o farto fornecimento de açaí no Amapá o ano inteiro.

Até chegar ao estágio de obtenção de sementes melhoradas, o primeiro passo da pesquisa foi buscar açaizais produtivos, localizados em áreas de várzeas do Amapá e do vizinho estado do Pará. Em seguida, foram selecionadas matrizes de boa produtividade de frutos para que pudessem produzir as sementes. Portanto, o banco de germoplasma de açaí da Embrapa Amapá é uma área de vários açaizeiros com características diferentes, coletados nas várzeas dos dois estados. “Fizemos a seleção antes mesmo de formar o banco, e os critérios de escola foram os de melhor produtividade (cachos com mais frutos) e indicadores de qualidade”, explicou Mochiutti.

O plantio das mudas das matrizes no campo do Mazagão começou em 2001. Nos anos de 2004, 2005 e 2006 e atualmente são feitas colheitas de frutos para serem comparados entre si, sempre a partir do critério de boa produtividade. Esta fase resultará, no futuro, na montagem de um banco de produção de sementes de matrizes selecionadas.

Das 295 matrizes selecionadas para fornecer sementes para formação do banco de germoplasma, 250 são resultados de sementes de açaí preto, que é o mais consumido, e 45 de açaí branco. De acordo com o pesquisador, deste total, 175 matrizes que são de materiais que produzem no verão, no segundo semestre do ano, que é o que interessa para a região do estuário do Amapá, justamente para suprir a procura no período da entressafra.

Quem caminha pelo açaizal da Embrapa, já percebe as plantas de melhor produtividade, as que têm cachos mais robustos. No final deste ano será possível confirmar as melhores progênies e disponibilizar sementes aos produtores para fazer plantio, dentro deste critério de melhor produtividade. Ainda não trata-se da “semente dos sonhos”, como frisou Mochiutti, pois trata-se de um processo de melhoramento genético, que vai se aprimorando a cada ano, até que se obtenha, provavelmente em três anos, uma semente que garanta abundância de açaí no verão, de boa qualidade e a partir de plantio em um campo isolado.