terça-feira, 3 de abril de 2007

Fitas da PF lançam suspeitas sobre governador do Amapá

Waldez Góes é acusado de receber de empresa que teria participado de fraude na Saúde
Secretaria da Comunicação do Estado divulga nota em que diz ser "absolutamente inconsistente" a denúncia envolvendo o pedetista


Cíntia Acayaba
Da Agência Folha
O Ministério Público Federal no Amapá vai encaminhar à Procuradoria Geral da República, em Brasília, documentos e escutas telefônicas que supostamente envolvem o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), com fraudes em licitações para a compra de medicamentos e com uma possível doação ilegal de campanha.
O nome do governador e o do deputado federal Sebastião Bala Rocha (PDT) são citados em conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal durante as investigações que resultaram na Operação Antídoto, realizada nos dias 22 e 27 de março.
Na operação foram presas 25 pessoas, entre elas dois ex-secretários de Saúde do Amapá e um sobrinho de Góes, acusadas de participar de esquema que fraudava o fornecimento de medicamentos às secretarias da Saúde de Amapá, Pará e Ceará. Todos já foram soltos.
"O que apareceu nas fitas e que deve ser investigado é a questão do financiamento da campanha do governador, que pode ter sido legal ou não", disse Rodrigo Santos, procurador-chefe da República no Estado. Governadores só podem ser investigados pela Procuradoria-Geral da República.
De acordo com a Polícia Federal, as empresas participavam das concorrências estaduais para o fornecimento de remédios e, oferecendo um preço muito abaixo do praticado no mercado, venciam as licitações. Com o contrato assegurado, ganhavam dos governos o dinheiro correspondente aos produtos, mas entregavam cerca de 60% do combinado. O prejuízo aos cofres públicos atingiria R$ 20 milhões.
Uma dessas empresas é a Globo Distribuidora Ltda., que doou pelo menos R$ 50 mil à campanha de Góes.
Segundo o Ministério Público Federal, o ex-sócio da Globo Distribuidora Dilton Ferreira de Figueiredo disse em depoimento à Justiça Federal que seu sócio Nivaldo da Silva, preso pela PF, chegou a doar R$ 100 mil à campanha de Góes sem que o dinheiro passasse pela conta do comitê.
O deputado Rocha, que foi secretário da Saúde do Amapá de 2003 a 2004, foi acusado por Figueiredo de receber dinheiro para facilitar a liberação do pagamento dos medicamentos.


OUTRO LADO:
SECRETARIA AFIRMA QUE DENÚNCIAS SÃO INCONSISTENTES
A Secretaria da Comunicação do Amapá diz que Góes não pode se manifestar porque não foi informado oficialmente a respeito do que qualifica como "algo absolutamente inconsistente". Segundo a nota, Góes "repele veementemente qualquer tentativa de envolvê-lo num assunto que ainda está com investigação em andamento". Rocha disse que não conhece a denúncia, que teve poucos contatos com os sócios da Globo Distribuidora e que não há provas contra ele.