terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Devagar...

O blog fica meio devagar esta semana. Ando muito atarefada.
É que eu e o Rostan Martins estamos ultimando os preparativos para o lançamento de nosso livro que conta "causos" do carnaval amapaense.
O livro será lançado semana que vem.
Como aperitivo deixo aqui alguns "causos" pra vocês.
Divirtam-se!

Ele tá certo
Na hora do festival de samba-enredo faltou um intérprete.
Que fazer?
"Procura rápido alguém de outra escola que possa quebrar o nosso galho", disse o diretor de bateria.
Rapidinho o problema foi resolvido. Um dos intérpretes de outra escola aceitou dar uma força. Mas, como não conhecia o samba, a única coisa que tinha tempo de decorar era o refrão.
- Vamos lá, companheiro. Me passa aí o refrão, disse o quebra-galho para o intérprete oficial.
Este começa a cantar “água enGanada chegou, deixa jorrar ....”
O quebra-galho anotou num maço de cigarros, mas achou estranho.
- Repete aí, parceiro, o refrão. E o oficial: “água enGanada chegou ...”
- Égua do samba estranho, pensou o quebra-galho.
Quando estava subindo no palco, recebeu um papel com a letra do samba. Procurou logo o refrão e lá estava escrito “água encanada chegou...”
- Parceiro, tu tá me ensinando errado. Num é água enGanada, é água enCanada, disse ao oficial
- Hummm ... tá não ... só se for no teu bairro, porque no meu é só promessa e enganação,até hoje a água num jorrou por lá, respondeu o oficial


Esse Egídio...
Craudionor avisa pra Creide que o Craudinho tem ensaio hoje.

Filho de Fifita e Pelé, Egídio é a cara do Maracatu. Brigão, alegre, trabalhador,chavequeiro, esse negro de riso largo faz tudo pela verde-rosa. Vai de empurrador de carro alegórico a presidente, contanto que escola entre linda na avenida.
Maracatu sem o Egídio é como Piratas da Batucada sem o Mata, como Boêmios sem o Alemão, como o Jardim sem o Sucuriju.
Egídio costuma trocar o “l” pelo “r” e na reta final do carnaval, quando o estresse é maior nas escolas de samba, ele joga fora de vez a letra “l”, daí a turma ter inventado que ele ligava para o Craudionor (delegado Claudionor, ex-presidente da escola) para avisar pra Creide (Cleide, esposa de Claudionor) que o Craudinho tinha ensaio (Claudinho, filho de Claudionor e Cleide, é mestre-sala do Maracatu).
Mas o Craudinho nem foi avisado porque tinha saído pra comprar chicrete.


Não sei ler
Certa vez aquela escola contratou um carioca para ser seu intérprete oficial e se gabava disso. Ir buscar um puxador de samba no Rio de Janeiro não era pra qualquer um.
O sujeito veio, ensaiou, povoou os sonhos das mocinhas, contou galão...
Faltando uma semana para o Festival de Samba-Enredo disse que precisava ir ao Rio rapidinho resolver um problema e voltava na véspera do Festival e às 10h da manhã em ponto estaria no ginásio onde seria realizado o festival, que começaria às 11h.
Deu 10h30 e cadê o cara? Onze horas e nada. A escola seria a terceira a se apresentar.
Fazer o que? Chama todos os diretores, vamos resolver isso já, propôs um. Numa reunião relâmpago decidiram ir buscar o ex-puxador da escola. Pagariam quanto ele quisesse pra defender o samba.
Sorte que o cara morava pertinho e sambista que se preza tem sempre no armário calças e sapatos brancos.
O ex topou. Vestiu uma calça branca, calçou os sapatos brancos bico fino e meteu a camisa vermelha que o Wagner lhe levou.
Na hora de subir ao palco recebeu um papel, que nem olhou.
Tudo pronto para a apresentação. O cavaquinho chora, a torcida grita. Entram surdos, tamborins, repiques, caixas e a torcida joga papel picado.
O intérprete, elegante e cheio de breque, faz a saudação:
Alouuuuuuu, minha bateria!
Alouuuuuu, meu presidente!
E a torcida vai ao delírio.
E o intérprete continuou repetindo sem parar “alou, minha bateria, alou meu presidente, é a minha escola chegando pra arrasar”. E cantar que é bom, necas. Na décima vez que gritou, fazendo breque, “é a minha escola chegando pra arrasar”, arrasado o presidente subiu no palco, colou a boca no ouvido do intérprete e gritou:
- Pára com essa frescura e canta, seu desgraçado, que o tempo tá passando
- Como que eu vou cantar? Eu não sei a letra
- Taí na tua mão, seu fdp
- Mas eu não sei ler


Faixa etária
Presidente de uma grande escola de samba, o cara foi participar de um programa de carnaval na Rádio Difusora de Macapá.
Falou do enredo, dos ensaios, do número de alas, onde comprar fantasias etc e tal.
Perguntado pela apresentadora do programa qual o tamanho das alegorias, respondeu de bate-pronto:
Nossos carros alegóricos estão na faixa de etária de 10 metros de largura por 15 metros de altura.


A pauta furou
O pauteiro de uma emissora de televisão chamou o cinegrafista e disse:
- Vai lá no Sambódromo e filma o Sucuriju. Tô precisando dessa imagem pra jogar um flash daqui a pouco no ar.
O cinegrafista pegou a câmera e se mandou pro Sambódromo. Uma hora depois ele voltou avisando que a pauta furou.
- Mas como a pauta furou? Perguntou irritado o pauteiro.
Candidamente o cinegrafista respondeu:
- Procurei em todos os cantos do Sambódromo e não vi nenhuma cobra. Lá só tinha gente. Muita gente sambando e cantando.Tava a maior animação. Mas cobra não tinha nenhuma. Nem sucuriju, nem jibóia, nem cascavel, nem nada.
P.S - Sucuriju é o Rei Momo de Macapá.