terça-feira, 13 de maio de 2008

Artigo

Não basta ser jovem, é preciso participar da política
Por Ricardo Abreu (Alemão)

Em pesquisas recentes do Instituto Cidadania, da Unesco e do Ibase, a maioria dos jovens brasileiros rejeita 'os políticos' e a política 'como ela é'. Ao mesmo tempo, consideram a política imprescindível para a conquista de uma vida melhor, e uma grande parte se dispõe a participar da vida política, como ela deve ser.

A política 'como ela é' aparece escandalosamente na mídia e os jovens são torpedeados com denúncias de corrupção e de todo o tipo de prática oportunista e carreirista. Em contraste, o mais fascinante da política – a luta de idéias e propostas programáticas, a atividade militante e a participação popular – não aparece no noticiário e nas reportagens. O que se destaca é somente o que há de podre no sistema político. Por que será?

A resposta é simples. As classes dominantes, que controlam os principais meios de comunicação, procuram desestimular a participação política do povo, especialmente das jovens e dos jovens, para que a política seja uma atividade dominada por essas mesmas classes, para que continue sendo podre e conservadora. Para isso fazem uma campanha para negá-la, e principalmente a representação parlamentar. Em outras palavras, querem ficar sós cuidando da 'podridão' do poder. E o povo fica de fora, sem mandar nada.

Os magnatas do capitalismo contemporâneo fazem uma falsa campanha ideológica contra o Estado, a política e os 'políticos', enquanto na prática só fortalecem o seu poder e o Estado capitalista e procuram enganar a juventude, afastando-a do único caminho que pode garantir mudanças profundas, justamente o da política.

A juventude tem razão. É preciso dizer não à política 'como ela é', e para fazer isso de fato - e não apenas no discurso – é necessário participar efetivamente da política. Não para conservar a política 'como ela é', e sim para mudá-la radicalmente. As jovens e os jovens precisam fazer outra política, uma política verdadeiramente transformadora, revolucionária.

A política revolucionária, para Karl Marx e Friedrich Engels, deve ser feita para acabar com a política alienada da época do Estado burguês, para emancipar verdadeiramente a humanidade e superar a política da 'pré-história' capitalista. Os fundadores do marxismo defendem não a 'abolição' imediata do Estado (proposta anarquista), o que não seria viável, mas o desaparecimento gradativo do Estado e da política burguesas.

Para Marx e Engels, os trabalhadores precisam fazer política para conquistar o poder político e a partir daí modificar o Estado tornando-o tado socialista. O socialismo é a grande transição histórica do capitalismo para a sociedade comunista.

Ou seja, cria-se uma nova política, verdadeiramente democrática e revolucionária, que supera a política que conhecemos hoje e que é rejeitada, com razão, por nossa sábia juventude.

Há muito a ser feito no aqui e agora. Além de votar em parlamentares de esquerda, as jovens e os jovens precisam participar dos movimentos e das organizações juvenis, da vida partidária de legendas de esquerda e democráticas.

Desta maneira a juventude faz a sua parte para acumularmos forças visando o nosso objetivo estratégico: o socialismo com a cara e o jeito do Brasil.

Ricardo Abreu (Alemão) é secretário de juventude do Comitê Central do PCdoB