sábado, 17 de maio de 2008

Tráfico de drogas

Departamento de Comunicação Social da Polícia Federal-AP
Droga de última geração é apreendida pela PF no aeroporto de Macapá

Por volta das 15h de ontem (16/5), policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, após recebimento de denúncia anônima, dirigiram-se ao aeroporto internacional de Macapá/AP e abordaram os passageiros do vôo oriundo de Belém/PA. Na posse de J.B, 33 anos, os policiais encontraram 15 vidros lacrados contendo 10 ml de um poderoso analgésico de uso estritamente veterinário, além de R$ 2.100,00 em espécie.
Após uma longa entrevista com J.B, os policiais descobriram tratar-se de uma novíssima e pouco conhecida droga. Batizada de “SPECIAL K” ou vitamina k, a substância - de exclusivo uso animal - tem um efeito devastador quando consumida pelo ser humano. A droga é obtida por meio de refino da substância cloridrato de ketamina, encontrada em alguns medicamentos anestésicos veterinários, como o Dopalen, Cetamim, Vetanarcol e Anesket. Para se ter uma idéia do seu efeito, a mente do usuário do “SPECIAL K” não percebe mais a matéria física e começa a funcionar como se o corpo não existisse. Ou seja, o consumidor experimenta uma sensação de quase-morte. O problema é que essa viagem pode não ter volta.

Assim como o ecstasy e o ácido lisérgico (LSD), a ketamina migrou dos consultórios para o terreno ilícito das ruas, e entrou agressivamente em festas raves e casas noturnas das grandes cidades, como São Paulo/SP e Brasília/DF. O anestésico líquido passa por um processo de refino até se transformar no pó conhecido como Special K.

A substância, aspirada, dissolvida em bebidas alcoólicas ou misturada a
cigarros e à maconha, traz uma sensação de relaxamento. A ketamina é comercializada em forma de pó, líquido ou em drágeas e é usada em cirurgias de várias espécies animais, como cavalos, bois, cães e animais silvestres. Mesmo em mamíferos de grande porte, a dose deve ser calculada milimetricamente, para não causar morte súbita. "A reação no animal é a perda de consciência. No ser humano, ela pode causar desde sintomas alucinatórios até a morte", afirmam os veterinários.

A substância causa dependência física e psicológica em pouco tempo, além de nervosismo, problemas respiratórios, ataque de pânico, depressão, convulsões, taquicardia e morte. Os efeitos começam a surgir dois minutos após o consumo.

A facilidade com que os jovens adquirem o medicamento usado como entorpecente impressiona especialistas e a própria Polícia Federal. O fato de a droga não constar na lista da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como entorpecente facilita o tráfico e o consumo.

Após ser ouvido, J.B. foi liberado em seguida, a substância foi retida e enviada para o Instituto Nacional de Criminalística em Brasília/DF, onde passará por análises e perícias a fim de definir qual a substância e composição do líquido encontrado. O dinheiro também foi arrecado e ficará sob a custódia da PF até que J.B comprove a origem do mesmo.

Os policiais desconfiam que J.B trazia esse anestésico para revender em Macapá/AP, pois, conforme depoimento prestador por ele na Superintendência da Polícia Federal, J.B não trazia cartão de crédito, nem cheque ou qualquer outro meio de pagamento que não fosse o dinheiro e, além disso, a quantidade de frascos encontrados era muito grande para uma só pessoa consumir, visto o poder devastador da substância ketamina.

Os policiais federais identificaram a loja de produtos veterinários onde J.B comprou o analgésico, imediatamente repassaram o nome e endereço da loja para a ANVISA em Belém/PA. A loja responsável poderá responder por infrações administrativas e até ser fechada.
J.B. poderá responder por contrabando, descaminho e, dependendo do laudo pericial, até por tráfico de drogas e associação.