Deputados mais ricos
Quanto mais o povo reza mais os políticos pecam
Enquanto a maioria dos brasileiros estava de terço na mão, rezando e acompanhando todos os passos do Papa Bento XVI, os deputados aproveitaram para aumentar seus próprios salários.
Merecem ser excomungados pelo Papa, pastores, padres, rabinos e eleitores.
BRASÍLIA (Reuters) - A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (9) o aumento de 29,81 por cento no salário de parlamentares, ministros de Estado, presidente e vice-presidente da República.Enquanto a maioria dos brasileiros estava de terço na mão, rezando e acompanhando todos os passos do Papa Bento XVI, os deputados aproveitaram para aumentar seus próprios salários.
Merecem ser excomungados pelo Papa, pastores, padres, rabinos e eleitores.
O reajuste refere-se à inflação acumulada de dezembro de 2002 a março de 2007, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O reajuste para deputados foi promessa de campanha do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), atual presidente da Casa.
Para efeito financeiro, vale o percentual de aproximadamente 28,5 por cento, que abate do aumento concedido nesta quarta-feira o reajuste linear concedido aos servidores públicos em 2003.
A medida foi decidida no primeiro dia de visita do papa ao país, num momento em que todas as atenções da imprensa estão voltadas para o sumo pontífice. A expectativa de alguns deputados é que a repercussão negativa em virtude do reajuste seja diluída pela visita de Bento 16.
Conforme os dois projetos de decreto legislativo aprovados, o salário do presidente passará dos atuais 8,9 mil reais para 11,4 mil reais. Os ministros, que até agora recebiam 8,4 mil reais, passam a ganhar 10,8 mil reais. O vencimento dos congressistas subirá de 12,9 mil reais para 16,5 mil reais.
"A Câmara dos Deputados não têm do que se envergonhar", dizia Chinaglia no início da sessão.
Ao patrocinar politicamente o reajuste dos seus pares, Arlindo Chinaglia faz um discurso "para dentro". A interlocutores, ele reconheceu a impopularidade da deliberação, mas preferiu administrar o ônus a não defender os interesses dos colegas.
O apoio a ele, no entanto, não foi unânime. Até companheiros de partido condenaram a decisão, discutida previamente pela Mesa Diretora.
"Com tantos temas relevantes, temos a capacidade de, num único dia, decidir assuntos que produzirão manchetes negativas para imagem desta Casa, que vão reduzir ainda mais a nossa credibilidade," esbravejou, em plenário, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), antes do início da votação.
Os dois projetos seguem agora para apreciação do plenário do Senado.
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