sábado, 12 de maio de 2007

DIA DAS MÃES


Minha mãe, professora Delzuite Cavalcante, era baiana da escola de samba Maracatu da Favela. A foto é do último carnaval que ela brincou(1986)
Mamãe e eu. A foto registra um dos um dos inúmeros momentos de amor e ternura entre nós. Em 1986, dois meses depois do Dia das Mães, ela partiu. Foi morar pertinho de Deus. Sei que de lá ela continua nos abençoando, protegendo e iluminando.
Mãe, a saudade é imensa. É do tamanho do amor que te tenho.


QUANDO A ALMA É UMA CANÇÃO

Alcy Araújo Cavalcante
O poeta pensou que fosse fácil falar, fosse fácil escrever, dizer qualquer coisa, neste dia de amor filial. A emoção, porém, interdita o gesto de escrever. As palavras ficam prisioneiras e a alma é uma canção que chora silêncios, neste domingo do mundo.
Penso no olhar de minha mãe rezando. No olhar que me viu pela primeira vez e adivinho um universo de ternura. Ternura que se transmitiu a mim e me fez poeta. Acho que sou poeta porque a sensibilidade de minha mãe assim o desejou.
Tanta coisa para dizer e este poeta sem palavras, com o coração cheio de lágrimas. E a inspiração defronte, doendo como um remorso. O poeta se pergunta se é um bom filho. Se merece amor. E não encontra resposta. É que hoje é dia das mães.
Que pode dizer este poeta, meu Deus, neste domingo? É melhor não dizer nada. É melhor pedir perdão. Bênção, minha mãe... perdoe seu filho.
Depois beijar as mãos enrugadas de mamãe e chorar. Chorar muito, até a alma se purificar com o fogo das lágrimas. Lágrimas caindo no rosto de minha mãe, no beijo de minha mãe, nos cabelos grisalhos de minha mãe.
Mãe que é perdão, súplica, oração, bondade, fé. Mãe onde ainda posso depositar minhas mágoas, meus desencantos, minhas grandes dores, minhas angústias só minhas.
Mãe que me pôs no mundo para a glória de ser poeta, para amar, para sentir as grandezas e as misérias do mundo. Mãe que me fez homem. Que me ensinou a ser bom, até o limite em que um homem pode ser bom. Que me ensinou a ser generoso até onde me permitem as minhas humanas limitações. Que me fez humilde até onde é possível meu orgulho. Enfim, que me fez filho, nada mais que um filho que ainda precisa de carinho porque não encontrou o caminho do retorno.
Minha mãe, acabaram as minhas palavras. Mas o meu amor permanece.
(O poeta, escritor e jornalista Alcy Araújo Cavalcante, meu pai, nasceu em 7 de janeiro de 1924 em Peixe-Boi, no Pará, e morreu em 22 de abril de 1989 em Macapá. Sua mãe, Elvira Araújo Cavalcante, morreu em novembro de 1971 em Macapá)

DO MEU JARDIM PARA AS MÃES QUE VISITAM ESTE BLOG
Eu sabia que você viria aqui, por isso colhi as flores mais belas do meu modesto jardim para te ofertar.

Feliz Dia das Mães!

Há 26 anos sinto todos os dias a alegria de ser mãe.