terça-feira, 4 de setembro de 2007

Um poema de Alcy

SAUDADE
Alcy Araújo
Não será meu grito o que ficará
nem a imensa tragédia do cais
de pés imersos nas água oleosas
sentado eternamente na margem da baía
de costas pra cidade.
Nem será a lembrança do navio petroleiro
nem o desapontamento da mulher sem razão
confundindo o estivador pai de família
com o marinheiro gringo
o que ficará.
Não será também a notícia do jornal
que o repórter de óculos escreveu apressado
e todo mundo leu.
Ficará a saudade das mãos sujas
que o guindaste levou, rangendo,
rangendo,
ironicamente rangendo.