Um poema de Álvaro da Cunha
ANÚNCIO
Álvaro da Cunha
Eu estou sonhando com um regaço de virgem,
onde eu ponha a cabeça
e adormeça
quando este mundo se despedaçar.
Será que este quebranto no meu corpo
não é cansaço,
mas um pretexto para repousar?
- A vida é triste, o mundo é triste,
o amor é triste.
Quem me censura o ato de sonhar?
(Ainda posso encontrar o meu desejo
sem arredar um pé deste lugar)
E vou escrever anúncios no jornal:
"Poeta, em Macapá,
está precisando de um regaço de virgem
onde ponha a cabeça
e adormeça
quando este mundo se despedaçar".
(Extraído da Antologia Modernos Poetas do Amapá - Macapá-AP, 1960)
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