Semana da poesia (2)
Timidez
Manoel Bispo Corrêa
Existe a tua formosura
Enclausurada no riso timidez
De flor de lis, de flor lilás
De flor de luz nascente.
Existe a porta do céu aberta
E o teu coração morrendo à míngua
Existe uma declaração de amor eterno
Na ponta da minha língua.
Poço do Mato II
Ademir Pedrosa
Moleque eu fui feliz, de brisa, sombra e vento.
Brinquei com a ocra do Poço e dei formas e cores
aos meus sonhos: ora azuis ora furta-cores,
pintei o sete, moleque, na asa do vento.
Súbito, acinzentou-se tudo pelo vento:
águas turvas na cacimba e cinzentas cores
de ardósias, tão sinistras e tão vagas cores,
como se fossem cinzas sopradas ao vento.
Catei, às pressas: boné, bola e cata-vento;
todos os meus brinquedos e o meu gibi em cores,
e os protegi do tempo, da chuva, do vento,
dos insetos e dos homens. Juntei as cores
todas dos meus sonhos e espalhei tudo ao vento...
meu Poço do Mato inundou-se em luz e cores.
Entardecer
Alcinéa Cavalcante
Te prometo, Poeta,
que no próximo entardecer
vou pintar um arco-íris
pra deixar tua tardezinha
menos triste.
Hás de sentir que o entardecer
pode ser tão belo
quanto o alvorecer
que ilumina teu rosto
e abre sorrisos no teu olhar.
Presta atenção, Poeta,
esta hora não pode entristecer a tua alma
porque é o momento solene
no qual Deus apaga o sol
para acender a lua e as estrelas.
Principalmente aquela estrela
que tanto te encanta
quando estás
tecendo sonhos
e versos
na
madrugada.
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