Nem fui
Nem fui ao estádio ver o Trem sagrar-se campeão do futebol amapaense-2007 ao derrotar o Cristal, ontem à noite, com um gol de Demir aos 25 minutos do primeiro tempo.
Quando eu me arrumava pra ir uma forte chuva desabou. E quando chove, gostoso mesmo é ficar em casa.
Gosto de ir ao estádio vez por outra (em Macapá nós NÃO falamos “ir ao campo”). Fui repórter esportiva nos anos 70.
Quando comecei no jornalismo esportivo, o estádio Glycério Marques – chamado de gigante da Favela – ainda não tinha iluminação. Os jogos só eram realizados domingo à tarde. A preliminar começava às 14h, sob um sol de rachar, e às 16h iniciava a partida principal.
Mais tarde, o Glycerão passou por uma grande reforma, ganhou iluminação e um gramado muito melhor que os do Baenão e da Curuzu, de Belém.
Para a reinauguração o governo do Amapá mandou buscar a Seleção Brasileira de Amadores. Éder Aleixo de Assis, ponta-esquerda do Atlético Mineiro, era reserva da Seleção. Entrou no segundo tempo e não fez nenhum gol. Mesmo assim resolvi entrevistá-lo e ele me falou que seu sonho era disputar uma Copa do Mundo – sonho de praticamente todos os jogadores – e que, portanto, eu não me surpreendesse quando ele fosse convocado, pois tinha certeza que isto iria acontecer. E aconteceu. Alguns anos depois, lá estava Éder disputando uma Copa do Mundo com a camisa amarelinha.
Cobrindo o campeonato brasileiro de futebol entrevistei tricampeões do mundo, como Edu e Clodoaldo. Por várias vezes entrevistei Zico e tantos outros craques que fizeram a alegria de milhares de torcedores.
Aliás, nessa época aconteceu um fato engraçado. O Santos estava em Belém para jogar contra o Clube do Remo e eu teria que entrevistar o tricampeão do mundo Clodoaldo. O técnico do Santos cismou que eu queria era “tietar”. Para ele eu era uma fã que estava querendo me passar por repórter só pra chegar perto do ídolo. Quando exibi minha carteirinha de repórter, ele ficou desconcertado e surpreso, pediu mil desculpas e que eu entendesse a sua desconfiança, afinal não era comum uma mulher cobrir futebol. Era a primeira vez que ele via uma mulher fazendo jornalismo esportivo. Já muito atencioso ele chamou Clodoaldo para me conceder a entrevista e também se colocou à disposição para me dar todas as informações sobre o time, a tática que usaria neste jogo, escalação e tudo o mais.
Mas, voltando ao futebol amapaense. Todas as tardes eu ia cobrir os treinos dos principais times e, no domingo, por volta das 13h me arrumava (sempre calça jeans, tênis e blusinha de malha), colocava na bolsa a caneta e o bloquinho de papel e lá ia pro estádio a três quarteirões de minha casa. Cobria qualquer jogo, mesmo os mais insignificantes como União x 13 de Setembro. Dois clubes tão pobres que certa vez jogaram de chulipa, pois não tinham dinheiro pra comprar chuteiras.
Minha paixão mesmo era cobrir os clássicos Ypiranga x São José e Macapá x Amapá, este era chamado de “clássico vovô”, já que Macapá e Amapá eram os clubes mais antigos. Eu era torcedora do São José, mas adorava ver o Macapá jogar. Confesso que muitas vezes torci mais pelo Macapá do que pelo meu time. Tanto que até hoje ainda lembro o timaço do Macapá que sagrou-se campeão do I Copão da Amazônia. Vamos lá: Aluísio, Castelo, Albano, Assis e Nariz; Aldo e Aldemir França; Haroldo Santos, Bira, Marco Antônio e Barradas.
Logo depois do Copão da Amazônia o Paysandu, de Belém do Pará, veio buscar Aluísio, Albano e Bira. Aluísio não brilhou no futebol paraense porque o técnico Juan Alvarez não gostava de “goleiro baixinho”. Albano andou por Minas Gerais e depois sumiu do cenário. Bira – que não sei porque a mídia nacional apelidou de “Bira Burro”( se você sabe, por favor, me conte)- foi o amapaense que mais brilhou Brasil a fora. Campeão brasileiro várias vezes, artilheiro dos clubes por onde passou, recentemente ele foi homenageado pelo Internacional. Hoje é técnico do Amapá Clube.
Outro que orgulhou o povo amapaense foi Aldo, que do Macapá foi para o Paysandu e de lá chegou ao Fluminense, atuando como titular na lateral esquerda. Dizem que Aldo só não foi para a Seleção Brasileira porque fraturou a perna às vésperas da convocação.
Aldo é irmão de Bira.
Uma particularidade do Macapá era que contava em seu time titular com cinco irmãos. Filhos de Erundino e Joana do Espírito Santo, os irmãos Marco Antônio, Haroldo Santos, Assis, Aldo e Bira eram titulares do Macapá na mesma época.
Não sei de nenhum outro time de futebol neste país que tenha ou tenha tido tantos irmãos jogando juntos.
Se você sabe, me conta aí na caixinha de comentários ou mande-me um e-mail (alcinea.c@gmail.com)
Também brilharam por aí Roberto Gato (no Nacional, de Manaus) e Jason (no Flamengo), entre outros.
PS. Qualquer dia vou contar aqui uns “causos” do futebol amapaense.E se você tiver algum "causo" pra contar manda pro meu e-mail que a gente publica aqui no blog.
Outro PS - A cobertura completa da decisão do campeonato amapaense de futebol-2007 está no blog futebolamapaense.zip.net
|