quinta-feira, 23 de abril de 2009

O discurso do Papaléo

O que o senador Papaléo Paes (PSDB-AP) disse na sessão de ontem do Senado para todo o Brasil ouvir sobre a farra das passagens:

"Sr. Presidente, eu, infelizmente, não tive a oportunidade de discutir sobre o tema anterior, relativo às passagens. Quero deixar bem claro para aqueles que estão nos assistindo que o Senado Federal é uma instituição que tem de ter pessoas representando o povo aqui e os seus Estados. E, logicamente, se formos analisar a maioria absoluta é de pessoas que não precisam sequer do salário para representar o povo. Há pessoas aqui que não precisam do salário para representar o povo. Mas há outros… Hoje em dia, temos condições de eleger um Papaléo Paes, que não tem tradição econômica em seu Estado, e outros Senadores que se elegem por única vontade do povo.

Também quero dizer à população que o salário líquido que eu recebo é de 12 mil reais. Sou médico e o meu salário, como médico, em meu Estado é mais ou menos equilibrado com este aqui. A minha vida é modesta, não preciso… Agora, imaginem as senhoras e os senhores – não vou sequer falar para os Senadores -, se eu adoecer aqui e tiver de trazer a minha família, se eu não conseguir passagem na promoção, vou ter de pagar 7 mil reais por passagem!

E onde vou conseguir isso? Se fosse um parlamentar safado, mal caráter, conseguiria lá com o prefeito que arrumei emenda, conseguiria lá no empreiteiro, Sr. Odebrecht, Camargo Corrêa, para depois meu nome sair naquela lista de recebimento de doações.

Então, quero aqui, Sr. Presidente, reconhecer como uma medida moralizadora, porém, um pouco precipitada. E deveríamos, antes de tudo isso, pegarmos todas as denúncias que a imprensa está fazendo, catalogarmos, estudarmos a realidade e daí então sairmos com medidas concretas, porque, sinceramente acho que deveríamos ganhar o teto que a lei nos dá. Mas, quando chega no momento de votarmos o teto que a lei nos dá, todo mundo fica com medo da imprensa. Aí começam a jogar demagogia.

A imprensa entende muito bem que o parlamentar precisa ficar numa condição tal para não ficar vendendo seu voto aqui, para ganhar uma passagem, para não ficar saindo em listas de doações e mais doações, para não ficar fazendo caixa 2."