quarta-feira, 19 de março de 2008

Dia de São José - Padroeiro de Macapá

O feriadão em Macapá começa hoje por causa do dia de São José, padroeiro da cidade.

Que São José proteja, ilumine e abençoe todos que visitam este blog.

Aproveito para publicar aqui no blog um artigo do bispo de Macapá sobre o padroeiro.

São José servidor da vida
D. Pedro José Conti

Quando escolhemos esse lema para a festividade de São José, queríamos estar em sintonia com a Campanha da Fraternidade deste ano. Não foi muito difícil imaginar o homem justo de Nazaré trabalhando para cuidar da subsistência, da saúde e do bem estar da sua pequena família: Maria e o menino Jesus. Qual é mesmo a obrigação de um bom pai? Não deixar faltar nada à sua esposa e aos seus filhos. É o mínimo que um homem responsável deve fazer. Custe o que custar. Servir a vida é isso. Felizes os pais que podem orgulhar-se de não deixar faltar nada em casa. Mas, sem dúvida, há muitos pais que sofrem abertamente, ou às escondidas, no profundo do seu coração, por não ter algo de melhor a oferecer às suas famílias.


Penso nos pais desempregados, nos doentes, nos endividados, nos presos, nos ameaçados, em todos aqueles que perderam a esperança e deixaram de lutar. Homens entristecidos pela falta de oportunidades ou por ter jogado fora as poucas chances que a vida lhes deu.

Ainda hoje se cobra muito dos pais. No tempo de São José não tinha conta de energia ou de telefone para pagar. Televisão, som, computador, nem pensar. Também não sei se, naquela época, vendiam objetos a prestações, e se o pobre carpinteiro comprava fiado na cantina da aldeia para pagar quando tivesse condição; talvez em troca de uma mesa, de cadeiras ou de banquinhos. Provavelmente arranjar comida era a maior, e a pior, das preocupações de um pai de família. O menino Jesus deve ter visto muitas pessoas passar fome; pode ser que tenha até experimentado a falta do necessário.

Mas podemos estar equivocados sobre isso. Sempre pensamos que o necessário para a vida seja algo de bem material. Temos dificuldade de pensar a existência do dia-a-dia sem telenovelas, filmes e músicas. Sem nada para comprar. Imaginamos que, quando tudo isso não existia, não muitos anos atrás, devia ser um tédio terrível. O que as pessoas faziam ao entardecer, por exemplo? Basta perguntar a alguns dos nossos avós, para saber a resposta. Porém tomo como exemplo o que ficou marcado na minha memória.
Quando estive em Minas Gerais para o 11º Intereclesial das CEBs, levaram-nos para visitar uma penitenciária modelo. Havia 300 homens em celas individuais e quase todos trabalhando. Era a chamada terapia ocupacional. No entanto, o que me surpreendeu foi quando nos disseram que os filhos, crianças e adolescentes, meninos, que visitavam os pais presos, podiam passar o fim de semana com eles. De acordo com a Direção, essa permanência era permitida. O que devia interessar a uma criança da vida do presídio? Não devia ser assustadora uma penitenciária para um adolescente?

Poderíamos responder: é uma forma de o jovem entender que, apesar da novidade, não é bom ficar preso, e que ele precisava tomar cuidado para não cair ali dentro. O mesmo, talvez, o próprio pai repetia ao filho, implorando que ele fosse obediente, que estudasse, que não ficasse à toa, para nunca ser preso. Mas pode ser que a visita servisse, também, para os filhos conhecerem melhor os seus pais e descobrir que, apesar dos erros cometidos na vida, ainda sabiam acolher, divertir e brincar.

Nada mais humano e simples que um pai contando histórias e casos para o seu filho, encantando a criança, para que saísse de lá orgulhosa do seu pai, capaz de amá-lo. Não pelo dinheiro que, aliás não tinha; nem pelas promessas, porém simplesmente por ele existir e dormir ao seu lado em uma cela fria e anônima; sem medo e sem sustos. Porque é bom ter alguém ao nosso lado que nos ama, defende-nos e caminha conosco. Alguém com muitos defeitos, mas em carne e osso. Não uma máquina ou um aparelho eletrônico.

Dizendo com outras palavras, José não ensinou muito bem a Jesus a ser obediente, porque acabou preso e morreu na cruz. Todavia ensinou-lhe, com certeza, a ser coerente com a verdade, com o bem e com a própria consciência. Livre por amor! Pronto a morrer pelos outros. Servidor da vida, da verdadeira vida. Aquela que se ganha quando se perde. Aquela que somente se ganha doando-a. Isso Jesus aprendeu muito bem com José e com o seu Pai verdadeiro, o Bom Deus.