terça-feira, 4 de março de 2008

O fascínio das religiões orientais

Por Aline Nunes, da Agência Estado:


São Paulo - O movimento começa cedo, antes mesmo das 9 horas, quando as primeiras pessoas chegam ao Solo Sagrado de Guarapiranga, na Zona Sul. Logo se nota que a maioria não tem olhos puxados, apesar de aquele ser o principal templo messiânico, religião de origem japonesa que reúne milhares de adeptos na Capital. Não só aqui, mas também no restante do País, que na última década viu ocorrer um boom das filosofias vindas do Oriente.
Embora as doutrinas japonesas sejam antigas no Brasil - a maioria chegou extra-oficialmente na década de 1920 -, foi somente a partir de 1991 que a expansão pôde ser notada. Por trás desse aumento no número de fiéis estão grupos denominados neo-xintoístas, que mesclam preceitos do xintô (“caminhos dos deuses”) com práticas e crenças católicas.
O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o assunto, em 2000, contabilizou 151 mil neo-xintoístas, distribuídos principalmente entre as igrejas Messiânica, Seicho-no-Ie e Perfect Liberty. Um detalhe: a maioria absoluta (97 mil) está concentrada nos Estados de São Paulo e do Rio. Uma curiosidade: a proporção feminina é maior. Para cada 100 mulheres, há 64 homens.

Esses números, infelizmente, já estão bastante defasados, segundo líderes das religiões - e só são atualizados a cada dez anos. Apenas a Messiânica Mundial do Brasil, a mais expressiva das neo-xintoístas, contabiliza hoje 350 mil fiéis, de acordo com a ministra Georgia Raffo, de 37 anos. Pela pesquisa do IBGE, são apenas 109 mil. “Se falarmos em simpatizantes, o número ultrapassa os 2 milhões.”
Por outro lado, está diminuindo o número de praticantes de outra religião oriental por excelência, o budismo. Segundo o censo, havia 236 mil budistas no País em 1991. Em 2000, eram 214 mil.
Johrei
A mistura entre xintoísmo e catolicismo angariou muitos simpatizantes no Brasil, majoritariamente católico. Quer ter uma idéia de como isso ocorre? Os messiânicos realizam, por exemplo, cultos aos antepassados e fazem homenagens a eles no aniversário de falecimento. Algo semelhante com as missas católicas para os mortos.
Outro forte trunfo da Messiânica é o Johrei, processo de “retirada de impurezas” por meio da imposição das mãos. “É uma forma de iluminar o espírito. É ele que dá início ao processo de purificação”, explica a ministra Georgia Raffo.
A igreja tem mais dois pilares: a agricultura orgânica e a construção do paraíso terrestre, seguindo os ensinamentos de Mokiti Okada, conhecido como Meishu-Sama (1882-1955). São, no total, 620 unidades de Johrei Centers no País, além dos 327 mil metros quadrados do Solo Sagrado, na Represa de Guarapiranga.
Aberto a visitantes, o templo é um convite à meditação. Os vastos jardins estão sempre repletos de flores (eles produzem as mudas) e há lagos com carpas. Os piqueniques são permitidos e não é nada raro ver famílias se divertindo.
O centro disso tudo é uma impressionante construção formada por 16 colunas com 18 metros de altura. A forma arredondada, dizem, envia harmonia e luz para todas as direções. O templo fica aberto das 8 às 17 horas.
Em Macapá a Igreja Messiânica fica na Avenida Almirante Barroso, 894, entre as ruas Hamilton Silva e Manuel Eudóxio