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Embrapa participa de Audiência Pública sobre produção do açaí
Dulcivânia Freitas, da assessoria de comunicação da Embrapa-AP
O açaí ganhou o mundo. É vedete nas lanchonetes de cidades litorâneas do Brasil, em quiosques de Los Angeles e Nova Iorque (EUA) e até em Paris
(França). No entanto, um dos locais de origem da sua produção, o estado do Amapá, começa a sentir os efeitos do crescimento da exportação da polpa congelada: escassez do produto e aumento do preço para a população local.
Para discutir soluções que garantam o abastecimento interno do açaí a preços acessíveis, a Assembléia Legislativa promoveu ontem, quinta-feira, uma Audiência Pública para tratar do assunto.
Durante os debates, esteve em evidência as pesquisas voltadas à tecnologia do manejo de açaizais nativos de mínimo impacto da floresta, que colocam a
Embrapa Amapá como instituição importante na elaboração de políticas públicas para incentivo do aumento da produção do açaí no Estado. O chefe geral da Embrapa Amapá, Silas Mochiutti, explicou como se aplica a tecnologia do manejo – que é resultado de práticas dos ribeirinhos extrativistas do açaí e o seu alcance no aumento da produção de frutos, inclusive no período da entressafra.
Na ocasião, o deputado Moisés Souza (PSC), autor da Lei do Açaí, que autoriza do Governo do Estado a implantar o Programa de Produção de Frutos do Açaí por meio do manejo e plantio irrigado, afirmou que o momento é de utilizar os conhecimentos disponibilizados pela Embrapa para favorecer a produtividade dos frutos o ano todo e ao mesmo tempo, conservar a floresta. “A Lei do Açaí visa equilibrar a produção contra a demanda e manter os preços aceitáveis para a maioria da população, principalmente na entressafra”, diz o deputado.
A Audiência Pública foi uma reivindicação do Sindicato dos Produtores e Beneficiadores dos Produtos da Floresta do Estado do Amapá (Sindaçaí), entidade que elaborou o projeto “Flora Life”, com duas linhas de atuação: estruturar a produção e expandir o comércio dos produtos da floresta (incluindo o açaí) e identificar os produtores deste segmento nos municípios de Macapá, Santana e Mazagão. Para a execução, o projeto tem apoio das secretarias estadual de Ciência e Tecnologia (Setec) e de Trabalho e Empreendedorismo (Sete).
A principal queixa dos batedores de açaí, que só em Macapá e Santana somam cerca de dois mil, é com relação ao poder de compra de duas grandes fábricas exportadoras de polpa de açaí. “Além de estas empresas pagarem um preço maior do que as amassadeiras pelo açaí que é descarregado na pedra do Santa Inês (orla do rio Amazonas, em Macapá), os atravessadores compram uma grande quantidade e revendem para os donos de amassadeiras, no final o custo fica alto para o consumidor”, explicou Marcelo Façanha Caetano, integrante do Sindaçaí.
Silas Mochiutti explicou aos deputados, aos técnicos e dirigentes de instituições envolvidas em projetos de estímulo à produção do açaí e aos donos e trabalhadores de amassadeiras que o manejo de açaizais nativos é uma tecnologia resultante de estudos técnicos e pesquisa de campo, inclusive contato direto com os produtores. “Se fizermos o manejo adequado dos açaizais, a produção de frutos de açaí, principal produto do agronegócio amapaense, pode aumentar em até cinco vezes em um período de sete anos”, acrescentou Mochiutti. Durante as viagens de campo, pelo estuário amazônico (nos açaizais de várzeas do Amapá e do Pará), foram coletados exemplares de frutos produzidos na entressafra e também na safra. Estas sementes foram cultivadas no Campo Experimental de Mazagão, onde a Embrapa mantém um açaizal, e formaram um banco de germoplasma.
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