Construindo o verde
30 anos da fundação da Associação dos Engenheiros Florestais do Amapá
Alcione Cavalcante e Laércio Aires
Há 30 anos um grupo de 12 engenheiros florestais fundou a Associação dos Engenheiros Florestais do Amapá - AEFA, estes já anteviam que a semente que estava sendo plantada cresceria em curto espaço de tempo.
A profissão é nova no Brasil, existe há 49 anos. A primeira escola foi fundada em Minas Gerais em 1960 pelo Presidente da República Juscelino Kubitschek. Verifica-se que apenas 19 anos nos separam daquele marco inicial cujo objetivo e a correta administração e gestão aos recursos florestais do país. Hoje contamos com cento e sessenta profissionais associados à AEFA, prestando serviço à sociedade amapaense. A semente germinou e a árvore cresceu.
Ao comemorar 30 anos da AEFA, sabemos que muito já foi feito, mas muito ainda falta fazer, pois grandes são os desafios que estão por vir. Só agora o Estado está se preparando e planejando a exploração de suas riquezas naturais renováveis, produtos e subprodutos da floresta.
O compromisso dos pioneiros foi de educar a sociedade quanto à utilização dos recursos naturais renováveis visando à sustentabilidade para assegurar as gerações futuras um meio ambiente saudável.
Se voltarmos no tempo, e sem querer ser saudosista verificamos que este sucesso foi decorrente da ocupação dos espaços institucionais, pelos profissionais de engenharia de florestas, daí o sucesso na realização dos trabalhos, que é comprovado, quando se constata ser o Estado do Amapá o mais protegido do Brasil.
Isto é a prova de quanto estes profissionais cumpriram com sua missão com presteza e dedicação. Para que a sociedade conheça a importância dos profissionais da Engenharia Florestal, faremos um breve relato de alguns trabalhos desenvolvidos por estes profissionais que, visando deixar como legado as gerações futuras e á sociedade um ambiente cada vez mais saudável. Exemplo que vem está sendo seguido com muita determinação pela nova geração de profissionais de florestas.
A contribuição no plano institucional é notável. Com efeito, em 1976 foi criado em Macapá um posto de fiscalização do IBDF subordinado ao Estado do Pará, dois anos depois um estudo feito por Engenheiros Florestais transformava o posto em DELEGACIA DO IBDF do Amapá, com autonomia e quadro funcional próprio. Posteriormente, foi construída a sede da instituição e a implantação de postos de fiscalização nas localidades de Bailique, Afuá, Jarí e Tartarugalzinho.
Aspetos legais também receberam aporte dão labor da classe, entre os quais destacamos a significativa participação na elaboração dos anteprojetos de lei que instituíram a Lei Estadual de Florestas, Código Ambiental do Amapá e o Sistema Estadual do Meio Ambiente. Estes últimos em companhia de outros profissionais, dentre os quais permitimos citar os agrônomos ilustres Iraçu Colares e Genésio Cardoso do Nascimento.
A digital dos florestais também se encontra na criação do Departamento de Recursos Naturais da antiga Secretaria de Agricultura, que passou a coordenar e executar as ações na área ambiental do Território. Foi o embrião da Coordenadoria do Meio Ambiente, posteriormente transformada em Secretaria de Estado. Registre-se ainda a recente, mas não menos importante criação do Instituto Estadual de Florestas, que já demonstra peso institucional e sinaliza com promissoras ações na área de gestão florestal e de serviços naturais.
Os primeiros trabalhos de educação ambiental registram o Informe Ecológico, veiculo destinado aos estudantes, quando ainda pouco se tratava do assunto na Região, e já grande preocupação com a conservação da biodiversidade, externada através de campanhas de prevenção ao fogo e proteção dos cerrados, já no final da década de setenta.
O painel das unidades de conservação, não seria tão expressivo sem a participação destes profissionais. Estudos técnico-científicos realizados que culminou com a criação das primeiras Unidades de Conservação do então Território Federal do Amapá, no caso a Reserva Biológica do Lago Piratuba, o Parque Nacional Cabo Orange e Floresta Nacional do Amapá, tiveram sua contribuição técnica. No espaço estadual, são de lavra de florestais os estudos que levaram a criação da REBIO do Parazinho, da REBIO da Fazendinha e da Floresta Estadual do Amapá, segunda maior Unidade de Conservação do Estado e uma das maiores do Brasil.
Implantamos também, o Projeto “Quelônios do Amapá”. Hoje uma realidade que além de estudar tartarugas e tracajás, repovoa nossos rios e lagos com tais espécies. É um projeto inovador ainda hoje, que foi instalado nas localidades: Parazinho, Pracuúba e Aporema, sendo o pioneiro na Amazônia em pesquisa e manejo com o tracajá, servindo de modelo para toda a Amazônia. Esse projeto,assumimos, deve-se sua existência à perseverança e determinação do Dr Rubens da Rocha Portal, Engenheiro Florestal de boa cepa.
Os florestais operaram e operam amplamente no setor produtivo do estado, principalmente na elaboração e condução de projetos de Manejo Florestal, em especial de espécies madeireiras e do açaí, ainda hoje de grande importância na formação do PIB estadual.
Finalmente, destacamos a criação do Distrito Florestal do Amapá, posteriormente transformado em Área Prioritária para Florestamento/Reflorestamento, que possibilitou ao Amapá, atrair empresas e incentivos fiscais, destinados inicialmente ao plantio de pinus e dendê e mais recentemente ao eucalipto. O que talvez seja a iniciativa produtiva mais exitosa da história do Amapá. Convém registrar que a capacidade de associar produção e conservação, tem nestes projetos florestais seu mais exuberante feito, exemplo seguido por outras empresas do Brasil e do exterior. Seguramente em nenhum lugar do País, as áreas de reserva legal e de preservação permanente foram tão respeitadas e protegidas. Deve-se isso com certeza a Renato Ribeiro, a Paulo Souto, a Rui Régis a Luiz Alberto, entre outros colegas, que introduziram na cultura de respeito à norma, mas principalmente, ao meio ambiente.
Evidentemente que não pretendemos aqui esgotar todos os feitos da classe, nem era essa nossa pretensão, mas apenas resgatar alguns momentos da trajetória de nossa profissão. Aceitamos contribuições.
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