quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Diga aí, Walmar!

“Na saudade das gostosas lembranças da minha infância e juventude em Macapá, passam diversos filmes. Os cenários são tantos que vão desde o Jardim da Infância, no Barão do Rio Branco, com as professoras Lígia Cruz e Maria Façanha, até os homéricos porres com o Capi (Raimundinho), Fala Fina e Eury Farias. Aliás, com esses três companheiros eu vivi as maiores aventuras da minha vida. Em uma delas, nós, digamos assim, subtraímos, à noite, um pato da vizinha e fomos prepará-lo na casa do Eury, onde, infelizmente o gás havia acabado. Não havendo outra alternativa, fomos obrigados a escalpelar o pato, passar sal e colocar no fogo, feito no quintal, com restos de madeira, jornais e folhas secas. Até hoje eu sinto o gosto desse pato, que ficou duro, assim como borracha, mas que a fome deve ter temperado, porque acabou não sobrando nem o pescoço.
Em outra ocasião, nós compramos uma garrafa de cana e alguns tamuatás salgados no Igarapé das Mulheres, no fim da descida da Raimundo Álvares da Costa e, imitando o Meton Jucá, que já havia aprontado algo semelhante, nós pedimos ao rapaz da serralharia (creio que era do João Capiberibe), que assasse os tamuatás no maçarico de solda. Os tamuatás ficaram totalmente “sabrecados” e absolutamente impróprios para consumo. Então, nós compramos duas latas de sardinha e fomos para a beira do rio, na altura do final da Ernestino Borges, passando por cima daquelas saudosas pontes, onde o Eury encontrou a dona Maria Pula-Pula, que havia sido sua aluna no MOBRAL. A dona Maria Pula-Pula preparou uma das melhores sardinhas que eu já comi na vida, devidamente regada à uma legítima Canta Galo. Quanta saudade!”


Walmar Jucá é economista, funcionário do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Mora em Recife desde 1978, mas todo ano vem em Macapá matar a saudade dos amigos e comer tamuatá e camarão no bafo.