Poetas do Amapá
O RIZOMA DE MANI
Afonso Rodrigues
O dia de Mani
Não chega de manhã
Nas roças de São Joaquim
Chega com as cunhãs
com um jamaxi nas costas
Pra plantar e pra colher
Você não sabe o quanto custa
costurar e tecer
O rizoma da maniva
O rizoma da sua vida
Espremida no tipiti
Forneada com muruci
Até virar farinha de mandioca
Que se troca nas feiras e nas docas
Até chegar na mesa e nas nossas bocas
O dia de Mani
Não chega de manhã
com o canto do japiim
chega com as cunhãs
Num caminhão da feira
pra batalhar e vender
mesmo que ela não queira
tem que costurar e tecer
O rizoma da maniva
Que zomba do banzo da sua vida
que sonha em partir
Das roças de São Joaquim
Até virar farinha de mandioca
Que se troca nas feiras e nas docas
Até chegar na mesa e nas nossas bocas
Que é feita de suor,sol e chuva
de novenas e rezas que já são poucas
Diante das nossas novelas ocas.
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