terça-feira, 2 de setembro de 2008

Poetas do Amapá

O RIZOMA DE MANI
Afonso Rodrigues

O dia de Mani
Não chega de manhã
Nas roças de São Joaquim
Chega com as cunhãs

com um jamaxi nas costas
Pra plantar e pra colher
Você não sabe o quanto custa
costurar e tecer

O rizoma da maniva
O rizoma da sua vida
Espremida no tipiti
Forneada com muruci

Até virar farinha de mandioca
Que se troca nas feiras e nas docas
Até chegar na mesa e nas nossas bocas

O dia de Mani
Não chega de manhã
com o canto do japiim
chega com as cunhãs

Num caminhão da feira
pra batalhar e vender
mesmo que ela não queira
tem que costurar e tecer

O rizoma da maniva
Que zomba do banzo da sua vida
que sonha em partir
Das roças de São Joaquim

Até virar farinha de mandioca
Que se troca nas feiras e nas docas
Até chegar na mesa e nas nossas bocas

Que é feita de suor,sol e chuva
de novenas e rezas que já são poucas
Diante das nossas novelas ocas.