quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Um camaleão no meu quintal

Mas não é um camaleão qualquer. É o Ediberto.


De repente os cachorros começaram a latir do jeito que fazem quando algum estranho se aproxima do portão da nossa casa. Mas o latido vinha do quintal.

Meu filho Márcio foi ver o que era e deu de cara com este imenso camaleão que estava sendo acuado pelos cachorros. Devagar se aproximou do bicho, fez-lhe um carinho e ele, buscando segurança, subiu no braço do meu filho. Os cachorros pararam de latir e o camaleão, sentido-se protegido, acalmou-se.

Enquanto prendíamos os cachorros, Márcio achou por bem levar o camaleão para dar uma voltinha na frente de casa, acho que para evitar que o Major e a Pepeu (são os cachorros) se estressassem.

Na frente de casa o camaleão foi batizado com o nome de Ediberto e apresentado a minha irmã Alcilene - que é minha vizinha.

Bom, eu tô dizendo aqui que o Ediberto é um camaleão. Mas há controvérsias. O Márcio, por exemplo, assegura que é uma iguana.

Feito o passeio pela calçada, as apresentações de praxe, as fotografias e presos os cachorros, vem a pergunta: O que fazer agora? Soltar o bicho por aí ou chamar o batalhão ambiental?

Quem sabe o Ediberto tá com sede? Melhor dar-lhe um pouco de água e depois chamar o Batalhão Ambiental.

Entramos todos. Márcio foi se agachando devagar para que o Ediberto descesse de seu braço, sem susto, e bebesse água, porém, com velocidade e destreza espantosas o bicho subiu numa das magueiras de nosso quintal e sumiu.

Isso aconteceu sábado. E desde sábado todos aqui em casa ficam vigiando a mangueira à procura do camaleão (ou iguana). Qualquer barulhinho todo mundo corre pro quintal achando que é o Ediberto que resolveu descer da mangueira para beber água.

No quintal da nossa casa dá muito passarinho, calango, paquinha, grilo e até camaleão ... mas um desse tamanhão foi a primeira vez.

Minha mana Alcilene - que é minha vizinha - veio conhecer o Ediberto e tentou levar um papo com ele

Na vizinhança o pessoal anda falando que o Ediberto morava há vários meses numa árvore aqui pertinho. O problema - dizem - é que muitos motoras usam a sombra daquela árvore como estacionamento, aí o bicho foi ficando irritado, nervoso, estressado e resolveu procurar uma casa nova, num lugar mais sossegado, de preferência num quintal como o meu.

Do alto dos seus 70 anos um vizinho assegura que isso é verdade e jura que viu com "os olhos que a terra há de comer" o bicho tentando entrar, dia desses, na clínica do cardiologista Furlan - que fica a poucos metros daquela árvore - quem sabe atrás de um remedinho pra combater o estresse.
Há também quem garanta que trata-se de uma camaleoa ovada procurando um lugar tranquilo para desovar. Como eu não entendo nem de camaleão nem de iguana fico só escutando as histórias.

Um amigo nosso sugeriu que se a gente quiser voltar a ver o Ediberto temos que fazer vigília perto da mangueira à noite. Segundo ele, na calada da noite o bicho deve descer pra beber água. Outro diz que isso é tolice e lembra que assim como os políticos vivem trocando de partido os camaleões vivem trocando de cor, portanto quando a gente pensa que o Ediberto está num partido ... ops... num lugar ele está em outro.

Falar nisso, o poeta Pepê Matos diz que o bicho tem mesmo cara de Ediberto e que "de edil (vereador) tem tudo: assim que ficou famoso, sumiu..."
A jornalista Dulcivânia Freitas, assessora de comunicação da Embrapa, conta que lá onde ela trabalha, como os portões ficam abertos, os camaleões entram e ficam passeando pelos corredores. O DJ Ronaldo Monteiro diz que no quintal da casa dele também dá muito camaleão.

Tá certo, Dulcivânia. Tá certo, Ronaldo. Mas nenhum desses que aparece por aí é o Ediberto, disso tenho certeza. O Ediberto tem porte, tem beleza, é diferente de todos os outros camaleões que vivem correndo por aí e pelo meu quintal e fugindo dos cachorros. O Ediberto, mesmo acuado, não fugiu, não se entregou, não se acovardou. Sei lá... mas me parece que o Ediberto é um camaleão (ou iguana) de caráter, coragem e dignidade, apesar do poeta Pepê Mattos ter achado que ele se comporta como certos políticos.