quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Manual do amapaense da gema

MANUAL DO AMAPAENSE DA GEMA
Heraldo Costa - juiz de Direito

Estava numa solenidade na Assembléia Legislativa do Amapá, oportunidade em que várias personalidades foram agracidas com o título de CIDADÃO AMAPAENSE, dentre elas o Adiomar da Nutriama, o Coronel Geovani dos bombeiros, Raquel Capiberibe, Conselheira, o Jurandil Juarez, Deputado Federal, dentre outros. Eu, de pavulagem, também tava lá no meio pois a mim foi "outorgada a comenda", isto é, me deram o título também, num bom português.
Cheguei ao Amapá recém-nascido, vindo do Afuá, no dia 19 de agosto de 1968, trazido pelos meus pais Heráclito e Luzair e mais dois irmãos Lucivaldo e Ronaldo já que o terceiro, Edivaldo, havia morrido poucos meses antes.

Meu avô, que não se dava muito bem com meu pai, não deixou ele tirar madeira dos terrenos dele e isso fez com que a família migrasse, com muita dor no coração, para Macapá - refúgio dos marajoaras. Digo até que se todos os afuaenses voltassem, a ilha iria afundar.

De coração já me considerava amapaense, pois aqui minha vida foi construída, no bairro do Buritizal. Fui aluno da Escola Roraima, do CCA e da UNIFAP. Passei pela iniciativa privada, servidor da justiça e cheguei a Magistratura, sempre procurando dignificar a terra onde nasci e esta que me acolheu.

Por isso, o título para mim foi uma homenagem a toda minha família, composta dos nomes CANTUÁRIA e NASCIMENTO do lado materno e FERNANDES e COSTA do lado paterno, verdadeiros pioneiros desta amada terra tucujú.

Um dos homenageados também foi o Promotor Eraldo Zampa, grande 'xará', que sentou perto de mim, bem acompanhado pela esposa, a jornalista Sândala.

Em conversa com a Sândala disse que iria escrever os requisitos para que uma pessoa se tornasse de fato e de direito Amapaense. Principalmente para esses, com o Zampa, que depois de certa idade estão se tornando tucujú, não basta só o título da Assembléia Legislativa. Eles têm que tomar algumas atitudes para merecer a honraria.

O manual começaria mais ou menos assim:
Requisitos para ser amapaense de fato e de direito:

I - ATITUDES
1 - Comer pelo menos uma vez por mês camarão com açaí, manga, cupuaçu, bacuri, pupunha, bacaba e uxi.
2 - Comer tudo com farinha, até a farinha.
3 - Comer um tamuatá no caldo, sem passar a mão no cabelo, é claro.
4 - Defender até a morte que temos a maior, mais bonita e preservada Fortaleza do Brasil e que no lado tem um 'lugar bonito'
5 - Dizer que cachoeira bacana é a do Laranjal do Jari
6 - Que a mata mais preservada é a nossa.
7 - Dizer que não aguenta ficar mais que quinze dias fora do Estado, senão começa bater uma 'murrinha'
8 - Dizer, desafiando a geografia, que o extremo norte do Brasil fica no Oiapoque.
9 - Dar uma passada na beira rio, só pra ver o amazonas enfurecido.
10 - Jogar 'futilama'
11 - Ter saudade dos banhos no Araxá, no barreiro e na gruta.

II - O PALAVREADO
Por outro lado, o falar dos novos amapaenses tem que mudar:
1 - Se o negócio é muito miúdo é 'gitinho';
2 - Se algo deu problema, 'escangalhou';
3 - Se alguém deu bronca, 'esculhambou';
4- Rir dos outros é 'caçoar' ou ficar na 'risadagem';
5 - Já faltar aula é gazetar;
6 - Quem é franzino (pequeno e magro) é 'por causa do calibre dele';
7 - Se a situação tem jeito ou não tem jeito se diz 'pior que é';
8 - Se alguém pega dinheiro ou entrega dinheiro, 'emprestou';
9 - Tá com raiva, tá 'puto';
10 - Tudo que é bicho que pica, é 'carapanã';
11 - Ficar com muita prosa é 'pávulo';
12 - Muito alisado é 'gatemonha'

Que tal? Vamos construir o Manual do Amapaense da Gema?
Espero sugestões.